Apesar dos conflitos e resistências, 90% das empresas possuem perfil familiar. conciliar laços sanguíneos e profissionais pode não ser simples, no entanto, na maioria das vezes, a confiança e transparência joga a favor do sucesso.

Para alguns pais e filhos, a relação vai além da família e se estende ao trabalho. Entre eles, provavelmente os assuntos neste Dia dos Pais não serão apenas o time ou a banda favorita, devem incluir também negócios. Isso não é tão raro assim, afinal, no Brasil, mais de 90% das empresas têm perfil familiar, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Conciliar laços sanguíneos e profissionais em um empresa onde pai e filho trabalham juntos não é uma tarefa simples. Pode haver conflitos e resistência, mas também confiança e transparência.

Na JM Gráfica e Editora (@jmgraficaeditora), a história foi e vem sendo passada de pai para filho. Marcos Medeiros aprendeu boa parte do que entende desse mercado com a gráfica de seu pai na Paraíba. Depois foi para Salvador e abriu a sua, há 29 anos. Além dos 15 funcionários, ele tem ao seu lado seu filho Rodrigo, o ajudando na gestão do negócio. As filhas até tentaram trabalhar junto com o Marcos, mas, segundo Rodrigo, dava briga. Foi ele, que depois de concluir a graduação em ciência da computação, conseguiu se entender com o pai. Formado na área de tecnologia, Rodrigo chegou, em 2006, querendo mudar, trazer inovações para o negócio da família, mas encontrou certa resistência no pai.

“Tem sempre os dois lados. Um que quer mudar muito e o outro que tem o pé atrás. Entrei no negócio quando ele já tinha 15 anos de experiência. Não tem como chegar e mudar tudo. Mas, aos poucos, a gente vai conversando, vai sugerindo uma coisa aqui e outra ali. Hoje a empresa já está mais misturada, mais a cara dos dois”, conta Rodrigo.

Orientador de negócios do Sebrae, Wagner Gomes considera o chamado conflito de gerações um dos principais desafios enfrentados em empresas de pais e filhos. E, de acordo com ele, a pressão geralmente acaba sendo maior para os mais jovens, “que precisam o tempo todo provar que suas ideias valem a pena”. “Os mais novos querem investir, arriscar e inovar, enquanto os mais velhos tendem a ser mais conservadores, porque a experiência deles foi em um mercado mais fechado. Não tinha rede social, moeda digital, como eles vão querer investir naquilo que não conhecem?”, questiona o especialista.

Na JM, a solução encontrada é o diálogo, que é levado até para casa. Segundo Rodrigo, não tem como não levar assuntos relacionados ao trabalho para o meio familiar. Mas a orientação do especialista é evitar misturar os ambientes. E, além da conversa, Gomes sugere que a empresa desenvolva uma política de condutas, aplique técnicas de administração de conflitos e tenha na gestão alguém externo à família.
a solução encontrada é o diálogo, que é levado até para casa. Segundo Rodrigo, não tem como não levar assuntos relacionados ao trabalho para o meio familiar. Mas a orientação do especialista é evitar misturar os ambientes. E, além da conversa, Gomes sugere que a empresa desenvolva uma política de condutas, aplique técnicas de administração de conflitos e tenha na gestão alguém externo à família.

“A empresa familiar é a que mais tem conflitos que não se resolvem. É muito difícil demitir um familiar, embora isso não deva ser evitado. A relação nasce na família, então é natural que tenha laços de carinho, mas também de conflitos. Se em empresas normais já tem esse desafio, nas familiares a tendência é ainda maior. Exige uma maturidade muito grande”, afirma o orientador.

A diferença entre as gerações traz também vantagens para os negócios. Rodrigo acredita que a experiência em administração e vendas de seu pai, somada à sua familiaridade com tecnologia e sua empolgação em pesquisar novidades, fizeram diferença no negócio.

Uma relação familiar e profissional pode, segundo o especialista do Sebrae, trazer diversos benefícios para o negócio. “Vai facilitar a troca de informações, tirar dúvidas, vai dispensar um processo seletivo, você vai conseguir ser substituído em férias e possivelmente de forma definitiva na aposentadoria, sem grandes perdas para o negócio da família. Nesse caso, vai ter um profissional que veste a camisa da empresa, são muitas facilidades”, cita.

Fonte: A Tarde