A queda de braços ganhou força no senado e bolsonaristas apostam em traições para virar o jogo com o ex-ministro Rogério Marinho.
O Senado elege nesta 4ª feira (1º.fev.2023) seu presidente para os próximos 2 anos, em uma prova de fogo para a governabilidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O Palácio do Planalto atua pela recondução de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cujo principal adversário é o ex-ministro Rogério Marinho (PL-RN). A reeleição do senador mineiro ainda é o cenário mais provável, mas o fortalecimento da campanha de Marinho nos últimos dias fez Pacheco intensificar a agenda de compromissos políticos e o governo federal entrar em campo para conter as traições em partidos aliados, como PSD, MDB e União Brasil.
Se confirmado o favoritismo de Pacheco, Lula contará com um aliado para fazer avançar a pauta governista no Senado, com destaque para propostas na área econômica, como a reforma tributária prometida pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda). Eventual vitória do ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), por outro lado, transformará o Senado em fortaleza da oposição –a Lula e ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Como a eleição à presidência da Câmara está virtualmente decidida em favor de Arthur Lira (PP-AL), a disputa no Senado extrapolou a Praça dos Três Poderes e tornou-se alvo de uma mobilização digital de bolsonaristas contra a recondução de Pacheco. A campanha virtual irritou senadores dos mais variados partidos. Não à toa, os discursos dos principais concorrentes lembram a polarização na eleição à Presidência da República em 2022: Pacheco fala na “defesa da democracia” e Marinho, em retomar “a independência entre os poderes”.
Mais próximo ao senador do PL, Eduardo Girão (Podemos-CE) leva uma candidatura simbólica ao comando do Senado, com possibilidade de desistência em favor do ex-ministro de Bolsonaro. Tanto Marinho quanto Girão aglutinam senadores que avaliam que o STF, principalmente na figura do ministro Alexandre de Moraes, tem extrapolado suas prerrogativas em decisões nos últimos anos e defendem um enquadramento do Poder Judiciário por meio de “diálogo”.
A oposição a Lula tenta surfar, também, na insatisfação com o protagonismo de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) na articulação dos acordos políticos pela reeleição de Pacheco.
Apoiadores da reeleição de Pacheco reduziram o otimismo nos últimos dias. Até a semana passada, falavam em até 57 votos. Contam, agora, de 48 a 52 para Pacheco. Seu adversário diz publicamente ter votos “suficientes” –seria algo em torno de 44. Para vencer, são necessários ao menos 41 votos.