O Jornal O Eco, seguindo a sua postura de defesa do meio ambiente, preocupado mais uma vez, com a seca e principalmente com a triste situação da bacia do Zabumbão e seus afluentes, resolveu incursionar com uma equipe de repórteres, iniciando pela região próxima das nascentes dos rios do Morro, Rio Paramirim (Localidade de Morro do Fogo), Rio da Barra e do famoso Poção de Água Quente, que são os responsáveis pela alimentação da Barragem. Nossos profissionais também percorreram as margens do Paramirim até depois da divisa com o município de Caturama, onde o leito se esvai e logo depois seca completamente.
 
Visão impressionante, que choca qualquer cidadão, dezenas de garimpeiros em atividade frenética, destroem a serra próxima ao povoado (Morro do Fogo), escavando pedras, lavando-as com dragas, motores, poluindo e aterrando as nascentes e o leito do rio, uma visão aterradora de destruição irreparável, pois nunca poderia o homem recompor o antigo cenário ora destruído sem nenhum escrúpulo, sem ao menos preocupação com a contaminação do reservatório. Pois é sabido que para a exploração do ouro, lavando o cascalho, é evidente a utilização do temido mercúrio, causador de danos irreparáveis a saúde humana. (Talvez, surge daí o alto índice de câncer na população regional).
Registramos o sofrimento dos pequenos riachos, possivelmente poluídos que enfraquecidos pela degradação das nascentes, ainda insistem em fios de lodo, descerem a serra em seus últimos suspiros, levam a minguada água em direção a barragem.
Também foi registrado o descaso com o que resta da mata ciliar, rala e já sem a proteção de proprietários, que parece ignorar a gravidade da situação.
Os rios sempre foram responsáveis pela agregação de animais e, conseqüentemente, a espécie humana não fica de fora, pois tem se utilizado dos mesmos, não apenas como fonte de água, mas também em diversas outras situações, como local para depósito de lixo ou despejo de resíduos domésticos e de higiene, como podemos constatar no município de Érico Cardoso. Ali é necessária a intervenção do estado urgentemente, pois, um município pobre, sem recursos para realizar uma grande obra de esgotamento sanitário, tendo em vista o posicionamento geográfico, precisa de ajuda externa, para que consiga inibir de forma definitiva a poluição que ganha proporções gigantescas, causando grandes estragos ao rio da Barra, rio Paramirim e ao Poção de Água Quente, que juntos deságuam na Barragem do Zabumbão.
 
A vida de um rio está relacionada ao fluxo d'água, e abriga diversidades de espécies que ali existem e coexistem formando um ecossistema. Tem-se aqui como triste fato,  a angustia dos rios da bacia do Zabumbão que sofrem sérias poluições, destruição das áreas de Preservação, fatores que ao longo do tempo, estão impondo uma pressão enorme sobre o curso natural, volume e qualidade da água. Como conseqüência da degradação desenfreada através das estiagens e mais ainda pela ação humana, hoje, em diversos pontos da Barragem do Zabumbão, restam apenas poças d'água parada, onde deveria estar entrando um bom volume, apenas um pequeno riacho chega ao lago. Ou seja, pelo visto, exatamente neste momento, o volume que entra é bem menor do que o que a EMBASA distribui para a região. Isso sem se falar na contaminação, o que conota que essas são fontes marcadas para morrer. Juntamente com as nascentes, dos rios aqui citados, morrerá também todo um ecossistema com elevado potencial produtivo de suporte à vida.  Infelizmente, quando afirmávamos isso há anos atrás, fomos criticados, inclusive por membros do Sindicato Rural. Hoje, que é notória essa preocupação com o esvaziamento da Barragem do Zabumbão, esperamos que nossa preocupação mobilize autoridades competentes, pois se assim concretizar lamentáveis previsões, as gerações futuras possivelmente não terão acesso a essa foz.
 
No reservatório da barragem, pode-se notar nitidamente a diminuição contínua do nível da água, com a utilização desregular, sem fiscalização, existe desperdícios absurdos, inclusive em municípios distantes que tanto necessitam dessa água. 
Com a morte do rio Paramirim, uma geografia se transfigura, a história perde um pouco de sua memória ainda real e a ecologia desse ambiente se esvai. Para se ter uma idéia do descaso com a barragem, a CODEVASF, não possui  vigilantes, o acesso das pessoas é livre, sem cercas de proteção, o que, além de oferecer riscos à vida humana, como, aliás, já ocorreram várias mortes, favorece também a degradação com a pesca predatória que está acabando com as espécies no lago. Todos os anos no período da Piracema, é o jornal O Eco, juntamente com a comunidade da antiga Lagoa do Mato, que tomam a iniciativa de fixar placas de prioibição, contando com o apoio da prefeitura e o suporte do Ministério Público. Não fosse essas ações, não existiriam mais peixes na barragem.
Não é fácil ver o rio Paramirim de perto, ouvir o fraco barulho de suas correntezas¸ correndo lento e timidamente entre as serras, perdendo o pouco que resta do seu cobertor natural, e se dirigindo num percurso incerto.
Não é fácil tocá-lo, pois, por mais que seja superficialmente dá pra sentir seu estado doentio. Assim, automaticamente nos faz lembrar quando tinha suas águas cristalinas. 
Ver a situação nos entristece terrivelmente, mas não tira de nós o desejo de ajudá-lo, de empreender a nossa força em seu favor, sempre acreditando na sua recuperação.
O desperdício dos regos de irrigação por inundação logo após a barragem é um crime contra a vida, uma estupidez sem tamanho, os motores registrados em todo o percurso, sugando o rio para irrigar capim, formam um cenário de desrespeito e ganância dos seus ricos proprietários que nem de longe, estão preocupados com o destino do rio e das pessoas que dele necessitam.
Na nossa humilde opinião, dois segmentos devem cuidar em salvar este vale, com muito mais dedicação, os que moram no caminho e precisam da água para sobrevivência e outros que apesar de não morarem tão perto tem o poder de ajudar.
Ao percorrermos o mesmo caminho que o rio percorre¸ constatamos os obstáculos que ele enfrenta. Uma luta desigual, tentando passar em lugares bloqueados, onde “poderosos” fizeram represar e mudaram radicalmente o percurso.
Ao longo desse tempo fizeram de tudo. Cortaram, venderam, trocaram, garimparam e queimaram pedaços do cobertor dos rios do Vale em vários lugares, e assim, os peixes e outras criaturas que habitam não resistem..
As situações degradantes estão à esquerda e direita. De um lado não se encontram mais a quixabeira, nem tampouco o jatobá. Por outro lado, percebe-se que nem mesmo Santo Antônio conseguiu manter suas matas ciliares. Cercas avançam até o meio do leito quase seco.
Nascentes que bebem veneno em grande quantidade vindo dos garimpos e das plantações.  Esse veneno mata os peixes, além de causar doenças e grandes males. 
Vários tipos de resíduos sólidos têm sido despejados ao longo do vale, e mesmo tentando se desviar, o rio não consegue se livrar da impureza e do odor que o leva consigo.
As lavadeiras tiram a sujeira da roupa e deixam no rio impurezas que durarão décadas. Bem ali pertinho das lavadeiras estão os que vendem bebidas e sem uma gota de cidadania jogam dejetos, plásticos, vidros, lixo de toda espécie, pode ser vista logo abaixo.
Sem quase sair do lugar encontramos aqueles que querem economizar uns trocadinhos e deixar seus veículos limpinhos colocando-os pra lavar debaixo das placas de proibição, esses deixam substâncias químicas dentro rio.
Já percebemos inclusive, que a quantidade de pássaros que cantavam pertinho do rio está diminuindo, pois quando não dá pra matar envenenado, matam através do fogo e da devastação o que está perto.
Entristecidos e desanimados, publicamos mais esta reportagem, após uma série que já foram editadas, essa forma de protesto, busca alertar, para que, quem sabe, observando tantos danos causados, os homens, autoridades, IBAMA, Ministério Público, CODEVASF e entidades de defesa, resolvam se unir para defender um “Vale que Morre.