Presidente, tenta negar e se afastar do político de extrema direita, mas as evidências deixam clara a ligação

Finalmente foi preso pela Polícia Federal na noite deste domingo (23), o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), após um dia inteiro de terror, com tiros de fuzil e até granadas que atingiram agentes da polícia federal. Após negociação, inclusive por meio do Padre Kelmon, ele saiu de casa em um carro descaracterizado por volta das 19h, escoltado pela PF, chegando a carceragem pouco depois das 21h. Aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), Roberto Jefferson (PTB) reagiu a uma ação da Polícia Federal na sua casa, em Levy Gasparian (RJ). Ele era alvo de ação policial por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) quando atacou os agentes.

A ordem de prisão foi motivada porque o ex-deputado descumpriu medidas impostas pelo STF, como de não dar entrevistas, não receber visitas e não se valer das redes sociais para se comunicar. No sábado (22), o político de extrema direita atacou a ministra Cármen Lúcia, do STF. Ele a comparou a “prostitutas”, “arrombadas” e “vagabundas” em um vídeo publicado por sua filha Cristiane Brasil (PTB). Segundo a Polícia Federal, Horas depois da chegada da PF à casa de Jefferson, ele seguia sem se entregar. Moraes determinou, então, no início da noite de domingo, nova prisão contra Jefferson.

Após a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), e todo escândalo com a reação, o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), fez movimentos para tentar se afastar do aliado. Durante uma live de sua campanha na tarde deste domingo (23), Jair Bolsonaro (PL) afirmou que nem sequer teria alguma foto com Roberto Jefferson (PTB).”Não tem uma foto dele comigo, nada”, disse Bolsonaro. No entanto, imagens dos dois juntos estão registradas e foram divulgadas pelo PTB, partido de Jefferson desde que Bolsonaro assumiu a presidência, em 2019.

Há diversas imagens dos dois, a exemplo das publicadas pelo PTB em abril e setembro de 2020. Nas redes sociais de sociais de Jefferson, também há publicações com os dois, como uma foto publicada em abril de 2021.O ex-deputado de extrema direita também foi recebido algumas vezes no Palácio do Planalto. De acordo com a agenda oficial, Bolsonaro teve reuniões com Jefferson ao menos duas vezes. Em 7 de julho de 2020, o ex-deputado consta em reunião de Bolsonaro com a presença do ministro chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Outro encontro ocorreu em 3 de agosto de 2021, quando Jefferson liderou uma comitiva de convidados recebidos no Planalto.

Essa agenda de 3 agosto de 2021 teria sido a última vez que os dois se encontraram em Brasília, segundo registros oficiais. No dia 13 daquele mês o ex-deputado seria preso, no âmbito do inquérito que investiga organização criminosa digital voltada a atacar as instituições. Nas redes sociais do PTB, consta foto de Bolsonaro com Roberto Jefferson no gabinete presidencial em Brasília. A publicação do partido diz que o encontro teria ocorrido em 14 de abril de 2021. O nome de Jefferson não aparece na agenda oficial do Planalto. Quando Roberto Jefferson foi preso, em agosto de 2021, Bolsonaro subiu o tom de ameaças a ministro do STF em deferência ao aliado —episódio em que o presidente foi também pressionado por apoiadores a não abandonar aliados. O presidente publicou, na ocasião, nas redes sociais que pediria o impeachment de ministros do STF.