Bloco Soviético, em SP, sem cordas e sem onerar os cofres públicos
 
Houve uma época em que o Carnaval de Salador era cortejado por sua espontaneidade nas ruas, por seus blocos, por artistas que faziam sucesso com a Axé Música, enfim, faziamos, o melhor Momo do país nas ruas. Mas, com a crescente onda de camarotização iniciada com Daniela Mercury, na Barra, nos anos 1990, e a mercantilização excessiva nas ruas, hoje, o Rio de Janeiro e São Paulo dão lições aos baianos. E, mais sintomático, fazem carnavais de ruas sem onerar os cofres públicos dos seus estados e municípios.
 
Que fórmula é essa que, hoje, nos causa inveja? 
 
São blocos de comunidades, de ruas, de artistas como Alceu Valença, neste final de semana, em SP, como o bloco da Preta, da Preta Gil, no Rio, em que os foliões pagam suas presenças, usam suas fantasias e vão as ruas brincar. SP teve neste final de semana o bloco chamado "Casa Comigo", de solteiras que se reuniram e foram às ruas foliar e procurar um namorado. Mais original, impossívl. Custo para a Prefeitura, zero. Na foto acima, o Bloco Soviético, na Hardock Lobo, também em SP.
 
Em Salvador, é impressionante. Tudo tem que ter dinheiro público no meio ou então intermediação da Prefeitura e do Estado junto a empresas para pagar minitrios, artistas, bandas, grupos, etc. Furdunço de graça, espontâneo? Não existe. Fuzuê gratuito? Jamais. Algumas pessoas que acompanham esses grupos nas ruas não pagam nada, mas, os artistas ganham, as bandas, idem. 
 
Não seria nada demais se não fosse dinheiro público ou privado com intermediação dos governos. E como todos sabem, em política, em administração, não existe almço gratuito.
 
No sabado, no bairro de Vilas do Atlântico, Lauro de Freitas, teve o Carnavalis, o carnaval dos moradores. Camiseta: R$35,00 e mais 1 k de alimento para uma instituição espírita de Itinga, a Bezerra de Menezes. Todo mundo brincou, cantou, dançou e a Prefeitura e o Estado não gastaram nada. Sabe quantas pessoas desfilaram pelas ruas de Vilas? Mais de 1.500 incluindo criançasa e até bebês.
 
Será que Salvador não poderia imitar esse modelo? Em vilas, a PM só foi para orientar o trânsito junto com a TransLauro. O dinheiro arrecadado serviu para pagar a orquestra que acompanhou o cortejo e uma bada que tocou afeter cortejo o Tênis Vilas Clube. Violência, zero.
 
Em Salvador, os artistas mais top de linha agora descobriram que cantar no Carnaval intitulado Pipoca é mais vantagem do que fazer um bloco, vender abadás, ter uma enorme estrutura e recolher impostos (ISS). Vai lá, canta no pipoca, embolsa uma grana pipoca preta e pronto. Fica livre de toda engrenagem empresarial e ainda ganha mais.
 
Ora, uma cervejaria desembolsa milhões para bancar alguns itens carnavalescos, óbvio que está, também, ganhando milhões. Ninguém é contra o capitalismo e isso é até saudável. Agora, Caranval é também manifestação cultural, e quando se emoldura trechos da cidade com marcas z e y, aí a identidade cultural vai para o espaço. Até postes de energia são tabuletados.
 
Repensar isso? Nem pensar. Todo ano, logo após o Carnaval, fala-se em debates. Nunca vão a lugar algum. Aonde isso vai chegar? Sabe Deus. O certo é que já perdemos o protagonismo de termos o melhor Carnaval de rua do país.