Uma das possíveis consequências desse cenário pode ser o cancelamento das tradicionais festas juninas, eventos culturais de grande importância para o sertão baiano. Prefeito Rogério Prado, de Novo Horizonte, já anunciou essa difícil decisão.
O sudoeste da Bahia volta a se preocupar com as elevadas temperaturas e a possibilidade de uma nova crise hídrica devido à previsão de chuvas reduzidas para os próximos meses. Com o fenômeno La Niña influenciando o clima regional, as perspectivas para março, abril, maio e junho apontam para um período de seca severa, elevando as temperaturas e reduzindo drasticamente os níveis dos reservatórios.
Segundo o climatologista Rosalve Lucas, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), o início de 2025 foi marcado por chuvas intensas. No entanto, a tendência histórica indica que o clima deve se tornar ainda mais seco nos próximos meses. Cidades como Vitória da Conquista, Guanambi, Caetité, Paramirim e Seabra já enfrentam dias ensolarados, com elevadas temperaturas e poucas chances de chuvas significativas para os próximos dias, com exceção da possibilidade de precipitações entre 24 e 31 de março, o que reforça a preocupação com o abastecimento de água e a agricultura local.
Para mitigar os impactos da estiagem, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) está investindo mais de R$ 2 milhões na construção de tanques escavados em diversos municípios baianos. Essas estruturas serão fundamentais para o abastecimento de água para consumo humano, dessedentação animal, piscicultura e irrigação de pequenas culturas. Além disso, o retorno do programa de carros-pipa, coordenado pelo Exército Brasileiro, será essencial para atender comunidades mais afetadas pela seca.
Prefeitos de municípios da região já começam a decretar estado de calamidade, como aconteceu em Novo Horizonte, na Chapada Velha (Calamidade diante da estiagem) e Dom Basílio (Situação de emergência). O objetivo dessas medidas é garantir a assistência emergencial às populações mais vulneráveis, especialmente nos municípios inseridos no polígono das secas. No Vale do Paramirim, os níveis da Barragem do Zabumbão estão em queda acentuada, o que pode ameaçar o abastecimento de água para milhares de moradores e a atividade agropecuária.
VEJA PRONUNCIAMENTO DO PREFEITO DE NOVO HORIZONTE:
Embora a construção da barragem do Rio da Caixa, em Rio do Pires, esteja avançando, a obra ainda levará pelo menos dois anos para ser concluída, aumentando a preocupação dos gestores municipais. Caso as previsões de seca se confirmem, outros municípios da região poderão decretar estado de calamidade hídrica, restringindo despesas públicas e priorizando medidas emergenciais. Evidentemente que algumas cidades, que conseguirem apoio financeiro do governo do estado, governo federal ou mesmo parcerias de setores da iniciativa privada, possivelmente conseguirão manter os eventos festivos programados.
Uma das possíveis consequências desse cenário será o cancelamento das tradicionais festas juninas, evento cultural de grande importância para o sertão baiano. Prefeitos como Rogério, de Novo Horizonte, já cogitam essa decisão difícil, mas necessária para priorizar o abastecimento de água para as famílias e garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos locais.
Se por um lado, os eventuais cancelamentos de festas em período difícil para o nosso sertão, são lamentáveis, já que além do lazer, os festejos geram renda para os municípios, por outro, demonstra sensibilidade e acima de tudo muita responsabilidade dos gestores, que já conhecem o sofrimento da população afetada e as necessidades decorrentes da crise hídrica. Evidentemente que cada caso será analisado com suas particularidades, cada município deverá se posicionar em conformidade com as suas condições. No entanto, não se deve condenar os gestores, vereadores e até criticar o Ministério Público, caso orientem pela não realização das festas. A população, por sua vez, também deve entender os riscos, além de se preparar no sentido da adoção de medidas como o uso consciente da água. O desafio da seca exige uma resposta coordenada entre governo, instituições de pesquisa e sociedade, a fim de minimizar os impactos socioeconômicos e ambientais da escassez hídrica no sudoeste baiano.
RECONHECIMENTO DO GOVERNO FEDERAL SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA EM DOM BASÍLIO: