“Vaidade em política é a véspera do fracasso. Eu não sou ambicioso, graças a Deus tenho missão de vida. Sou o homem do entendimento”.
Em entrevista recente, o senador Otto Alencar (PSD) disse o seguinte: “Vaidade em política é a véspera do fracasso. Eu não sou ambicioso, graças a Deus tenho missão de vida. Sou o homem do entendimento, isso que vou buscar junto ao meu grupo político o ano que vem. Muita água vai rolar debaixo da ponte. Mas, eu estou sereno e seguro. Hoje faço fisioterapia para me recuperar e voltar logo ao trabalho”. O senador testou positivo para Covid-19, mas já se recuperou aos 73 anos de idade, ele que é médico ortopédico.
Analisando esta fala e outra entrevista dada ao portal A Tarde há alguns dias, quando afirmou que só falaria sobre a sucessão estadual 2022, ano que vem (isto é, no ano eleitoral propriamente dito) chega-se à conclusão preliminar de que o senador poderá ser candidato (seu mandato de senador expira em 2022) a qualquer das 3 posições na chapa majoritária – governador, senador ou vice-governador – a depender das conversas. O grupo de Otto, é o PSD, e tem além dele como senador, Angelo Coronel (chamuscado com a Operação Faroeste), deputados federais e estaduais. Por essa base, Otto seria candidato a governador. Mas, ninguém fala (salvo Coronel que já manifestou isso de público, que o seu partido deve ser a cabeça da chapa) até que Otto venha a público dizer o que deseja. Então, tem-se que esperar 2022, primeiro trimestre.
Quem comanda o grupo político mais amplo da base do governador Rui Costa (PT) é o próprio governador. Mas, Rui foi atropelado pelo PT que lançou Jaques Wagner como candidato a governador, em 2022. Rui nada disse, porém, afiançou indiretamente, quando colocou Luis Caetano na secretária de articulação política do governo, um wagnerista de carteirinha. E nesta base estão PSD, PP, PCdoB, PSB, Podemos, Avante e outros. Agora, diz-se que estaria também o MDB de Lúcio Vieira Lima. Em relação ao PP, João Leão, vice-governador que comanda o grupo, há um novo ingrediente em cena (a possível filiação de Bolsonaro no PP), porém, antes mesmo disso, Leão já manifestou o desejo de ser a cabeça da chapa no grupão que Rui comanda. Rui nada disse, como também nada falou sobre Wagner. Está deixando o barco andar e certamente vai falar no momento oportuno.
Leão é aliado de Otto desde 2016 quando se aliançaram para derrubar Marcelo Nilo da presidência da Assembleia quando elegeram Ângelo Coronel (presidente) e Luís Augusto (PP) vice-presidente da Casa Legislativa. Depois de Coronel entrou Nelson Leal, PP (presidente 2018/2020) e agora está Adolfo Menezes, PSD (2021/2022). Ou seja, estão revezando em comum acordo: PSD, PP, PSD. O próximo presidente, se tudo continuar nesse ritmo, será do PP. Significa dizer, que Otto e Leão seguem unidos. Mas, por enquanto, Leão fala uma coisa (quer ser o cabeça da chapa) e Otto outra (ainda é cedo para se falar nisso).
Os três outros partidos da base Rui estão mais para Rui/Wagner do que para Otto/Leão ou Leão/Otto, isso porque têm cargos no governo e não possuem condições de terem candidatos próprios a governador. O PCdoB teria, em tese, na hierarquia partidária, Alice Portugal e Daniel Almeida, deputados federais carreiristas e que veem renovando os mandatos há anos. Um terceiro, Davidson Magalhães, está na estrutura governamental. Olivia Santana, uma terceira força, como vimos, foi candidata a prefeita de Salvador, em 2020, e gongada. Teve uma performance abaixo da expectativa.
O PSB só tem a deputada federal Lídice da Mata, que por sinal, é candidata a tudo. Fora de Lídice o nome mais destacado é Marcelo Nilo, deputado federal, mas ‘queimado’ na base ruista. E, um terceiro nome, a deputada estadual Fabíola Mansur foi colocada como a candidata a vice-prefeita na chapa petista de Denice Santiago, um fiasco. No início desta campanha, o nome seria Lídice, a prefeita, mas, Rui vetou. Domingos Leonelli estrilou em notas na imprensa, mas, nada aconteceu. Lídice pulou fora e como válvula de escape colocou Fabíola na chapa (derrotada deste o início da campanha) de Denice. O PSB tem cargo no governo Rui e Lídice não tem a menor condição de ser candidata a governadora. O Podemos, do deputado Bacelar, pior ainda. Também tem cargos no governo. Não tem quadros. Toda vez que é oferecido algo a Bacelar no governo ele coloca o irmão Maurício, que já foi do Detran e agora está na Setur. Do trânsito ao turismo. Bacelar foi candidato a prefeito de Salvador, em 2020, afundou. Até alguns dos seus candidatos a vereadores seguiram Bruno Reis.
O Avante do pastor Isidório foi outro fiasco na eleição municipal em Salvador. Isidório sequer elegeu o filho Tancredo Isidório a vereador. Sua vice foi a esposa de Ângelo Coronel, Eleusa Coronel, e entrou apenas para compor. Então, no fritar dos ovos como se diz no popular, Wagner está com meio caminho andado para ser o candidato a governador, em 2022, no grupão de Rui. Se Otto não entusiasma seu grupo (PSD) desde agora, colocando uma ducha fria no caminho ao dizer que é “homem de entendimento” e Leão depende dele para um possível levantamento de voo (ainda que leão, o bicho, não voe), Wagner avança embalado, também, na popularidade de Lula.