Depois de reunir-se com deputados estaduais e federais da legenda, é dado como certo o desembarque de Leão e todo grupo ainda neste mês.

Após retornar de Brasília, onde se reuniu ontem com o ministro da Casa Civil e principal cacique do PP, Ciro Nogueira, o vice-governador João Leão convocou a bancada pepista na Assembleia para discutir os rumos do partido na sucessão estadual, diante da pressão pelo rompimento com o PT. O encontro ocorreu à noite na casa de Leão, em Vilas do Atlântico, em meio à crise gerada pela quebra do acordo no qual o governador Rui Costa, para disputar o Senado, renunciaria em abril e deixaria o vice no comando. No entanto, Leão soube pelo rádio, segunda de manhã, que não seria mais governador. Na ocasião, o senador Jaques Wagner, sem aviso prévio, anunciou o recuo de Rui em entrevista à Rádio Métropole.

Durante a conversa com Leão, os deputados estaduais do PP mantiveram o mesmo tom adotado pelos parlamentares federais da legenda na reunião de anteontem. Em suma, consideraram que tanto o vice-governador quanto o partido foram traídos e tratados com desprezo por Wagner e exigiram a saída da base aliada ao Palácio de Ondina.

Para líderes governistas ouvidos pela Satélite, o interesse do PT em se livrar de Leão na disputa estadual seria o possível pano de fundo na crise com o PP. Ao romper um acordo já fechado sem combinar com o cacique pepista, Wagner deu o motivo perfeito para que o vice-governador deixe a base por decisão unilateral. Em contrapartida, o PT criou uma sinuca de bico para Rui, que só vai concorrer ao Congresso se entregar o cargo a Leão, e para si mesmo: caso o governador permaneça no cargo, o vice pode renunciar e entrar na briga pelo Senado, seja em voo solo ou na chapa da oposição. O que atrapalharia muito o plano de Otto Alencar (PSD) de se reeleger senador.

Independente da estratégia por trás do jogo conduzido por Wagner, o efeito gerado até agora foi exclusivamente negativo para o PT. Fora a revolta do PP, sigla com bancada numerosa no Legislativo e forte presença no interior baiano, a nova turbulência deflagrou uma migração em massa de prefeitos que abandonaram a aliança com o governo para apoiar a candidatura do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil), sobretudo, nos últimos três dias.

No meio do fogo cruzado entre os dois maiores polos de poder na Bahia, o PV definiu como transitará na disputa estadual. Prestes a entrar na federação partidária encabeçada pelo PT, a legenda não poderá aderir oficialmente à oposição, mas liberou a tropa para navegar no barco de ACM Neto, com quem boa parte dos verdes tem maior afinidade hoje.