Para onde irá Leão? Seguirá Bolsonaro ou vai continuar com Rui? os desdobramentos dos próximos dias serão decisivos para o cenário na Bahia.
Com a decisão de Ciro Nogueira, presidente nacional do Partido Progressista (PP), que assume o cargo mais importante do governo Bolsonaro, a Casa Civil, faz parte da estratégia de Bolsonaro de se fortalecer politicamente, evitar o avanço do processo de impeachment e de quebra, filiar-se a um partido grande do centrão. A cada vez mais possível filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao PP com a nomeação do senador Ciro Nogueira, pode mexer na política baiana. O vice-governador João Leão é o cacique pepista na Bahia e integra a base política do governador Rui Costa. Leão não esconde de ninguém (se perguntado) se deseja ser candidato a governador da Bahia, em 2022, embora entenda que ainda seja cedo para expressar essa pretensão de maneira mais firme.
O fato considerado impactante, é que existe uma aliança PP e PSD do senador Otto Alencar que vem atuando politicamente desde a eleição do então deputado estadual Ângelo Coronel para presidência da Assembleia, em 2018, quando Marcelo Nilo (PSB) foi apeado do poder após dez anos como mandatário da Casa Legislativa. E, nessa aliança, o deputado Luís Augusto (PP), que recentemente retornou à Casa, foi eleito vice-presidente da ALBA. Otto já disse que só falará da sucessão baiano, em 2022, no momento oportuno (muitos afirmam que seria antes do Carnaval) e certamente tem conversado com Leão.
O PT, que para alguns, agiu de forma apressada ao lançar o nome do ex-governador Jaques Wagner a governador, em 2022, o que incomodou outros partidos da base PP/PSD, PSB, PCdoB e menores que até o momento ainda estão calados. Wagner já está em campo e Rui deu uma força enorme a essa possível candidatura colocando na estrutura do governo – na articulação política – Luís Caetano, wagnerista de carteirinha. Um clima tenso começa a tomar conta dos bastidores do grupo hoje liderado pelo Governador Rui Costa.
O senador Flavio Bolsonaro (Patriota – RJ) afirmou que o pai, o presidente Jair Bolsonaro, agora está muito próximo de se filiar ao PP após aproximação com o partido por conta do “aceite” do senador Ciro Nogueira que vai comandar a Casa Civil. Em entrevista para O Globo, o senador diz que a nomeação do Presidente Nacional do PP para um cargo ministerial não faz parte das negociações para a filiação do pai, mas admitiu que a proximidade que Jair e Ciro terão pode auxiliar nos preparativos para a migração de legenda. Ou seja, onde tem fumaça; tem fogo.
Flávio apontou ainda que como o PP é aliado do PT em estados como a Bahia, onde tem o vice-governador João Leão (PP) como seu maior nome e integrante da chapa do petista Rui Costa, assuntos regionais terão que ser discutidos antes de concretizar a filiação. Isso indica que todas as eventuais barreiras já estão sendo consideradas e negociadas. Já o presidente Jair Bolsonaro se mostra entusiasmado com o Centrão, aliança sacramentada com a ida do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil. O mandatário relatou também que a nomenclatura “Centrão” é um nome pejorativo, e admitiu fazer parte do bloco.
“O Centrão é um nome pejorativo. Eu sou do Centrão. Eu fui do PP metade do meu tempo, fui do PTB, fui do então PFL (hoje DEM), no passado integrei siglas que foram extintas, como PRB, PPB. O PP, lá atrás, foi extinto, depois nasceu novamente da fusão do PDS com o PPB, se eu não me engano. Agora, nós temos 513 parlamentares. Eu nasci de lá. A Tereza Cristina é do PFL, atualmente democratas. O Onyx Lorenzoni também é dos democratas. O Ciro Nogueira, que passa a integrar o governo, é do PP”, explicou, em entrevista à Rádio Banda B, de Curitiba. Bolsonaro relatou ainda que viu a necessidade de alianças para formar base no Congresso. “São um pouco mais de 200 pessoas. Se você afastar esses partidos de centro, sobram 300 votos para mim. Você afasta 100 e poucos parlamentares de esquerda, PT, PCdoB e PSOL, eu vou governar com um quinto da Câmara? Não tem como governar com um quinto da Câmara.
Agora, é esperar para ver se tudo o que está dito acima se concretizará e como será a conversa de Leão com a cúpula nacional do PP. A política – como diria Sebastião Nery – é como nuvem: se movimenta, se mexe em direções imprevisíveis.