Ainda sem dados finais de testes da Coronavac, Governador Doria promete vacinar contra covid em janeiro.
O governo do Estado de São Paulo estima começar a vacinação contra o novo coronavírus ainda em janeiro de 2021. O início da imunização da Coronavac, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac e produzida em parceria com o Instituto Butantã, estão previstos para o próximo mês em SP. A liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é necessária para o início da aplicação.
O Estado recebeu 120 mil doses do imunizante em novembro e nesta quinta-feira, 3, foi a vez de chegarem 600 litros da vacina a granel, cujos insumos serão utilizados para a produção de 1 milhão de doses pelo Butantã a partir da próxima semana.
“Nós vamos iniciar a imunização dos brasileiros de São Paulo em janeiro. Não vamos aguardar março e nem vamos enterrar mais brasileiros”, disse o governador João Doria (PSDB) em coletiva de imprensa no início da tarde. Ele criticou o planejamento federal, que prevê o início da vacinação em março.
Doria voltou a dizer que, caso a Coronavac não seja seja incluída em um plano nacional de imunização, ela será aplicada na população paulista. Também disse que um cronograma de imunização estadual está pronto há mais de 20 dias e será anunciado na próxima segunda-feira, 7, com informações sobre grupos prioritários, datas e outros dados de logística.
Segundo José Medina, coordenador do Centro de Contingência contra a Covid-19, um dos principais critérios será a idade. Ele destacou que a maioria dos óbitos no Estado são de pacientes com mais de 50 anos.
O governador ainda voltou a criticar as decisões do governo federal e do presidente Jair Bolsonaro. “Surpreende essa indiferença, esse distanciamento”, declarou. “Por que iniciar em março se podemos fazer no mês de janeiro, como outros países começam a fazer agora, no mês de dezembro?”
O acordo entre o Estado, o Butantã e a Sinovac prevê 46 milhões de doses da vacina. A estimativa é que outras 6 milhões cheguem ainda neste mês, enquanto o restante seja enviado até a primeira quinzena de janeiro. Ao ser retirado do avião, o lote mais recente foi coberto por um banner escrito “A vacina do Brasil”. A Coronavac já foi chamada por Bolsonaro de “vacina chinesa de João Doria” e é centro de conflitos entre ele e o governador de São Paulo.
Na coletiva, o diretor do Butantã, Dimas Covas disse que está em contato constante com o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros. “No meu entendimento, existe, conforme manifestado anteriormente pelo ministro da Saúde, o interesse sim do ministério em adquirir essas vacinas, desde que disponíveis e registradas pela Anvisa.”
Ele ainda informou que a Anvisa termina nesta sexta-feira, 4, as inspeções na fábrica da Sinovac, na China. Além disso, apontou que a Coronavac está encaminhada para ter um registro definitivo na agência, e não apenas para aplicação emergencial.
Segundo o governo, a vacina foi transportada no avião em equipamento refrigerado a temperaturas de 2 ºC a 8 ºC. O processo de envase pode levar de quatro a sete dias. Este lote ainda deve passar por testes de qualidade. Os resultados das duas primeiras fases dos testes clínicos da vacina apontaram que a Coronavac seria segura e teria capacidade de produzir resposta imune no organismo 28 dias após a aplicação em 97% dos casos.