Empresa foi a única a apontar grande margem de votos contrários à reforma constitucional. Instituto é o mesmo que apontou cenário de empate técnico nas eleições da Bahia 2022.
A ampla maioria formada pela rejeição de uma nova Constituição no Chile passou despercebida por quase todos os institutos de pesquisa, menos pelo AtlasIntel, único a apontar com precisão o resultado da votação, que ocorreu neste domingo, 4, e acabou por manter em vigor o texto da época da ditadura militar de Pinochet. Quando as urnas foram abertas revelaram que 61,9% dos chilenos reprovaram a nova Carta defendida pelo governo do presidente Gabriel Boric, enquanto 38,1% foram a favor. A pesquisa Atlas/Intel indicou 58,4% contra 41,6%, muito próximo do índice da votação, se considerada a margem de erro de 2 pontos percentuais.
Nenhuma outra apuração chegou a resultado tão perto da realidade. Para se ter uma ideia da disparidade das sondagens, o maior instituto de pesquisas do Chile, Cadem, apontava um resultado apertado. Na última amostragem, o Cadem informava que 53% eram contrários e 47% favoráveis, com chance, inclusive, de surpresa, uma virada pela aprovação da nova Constituição com uma margem muito pequena. Enquanto outras pesquisas mostravam redução da diferença, com chance de empate técnico, a Atlas/Intel verificou um cenário completamente diferente, com a opção pela rejeição se mantendo forte. O CEO do instituto, Andrei Roman, atribuiu o acerto ao fato de a empresa ter conseguido captar uma ampla mobilização da sociedade chilena para comparecer às urnas.
“A minha impressão é que a gente trabalhava com uma mobilização muito mais forte na população do que em outros institutos. E trabalhando com essa taxa de comparecimento mais próxima do real, a gente conseguiu chegar mais próximo. No Chile, há grandes movimentos em termos de comparecimento ou abstenção. Na eleição presidencial, nós vimos um milhão de eleitores a mais no segundo turno. Algo inédito. Então, esse é um desafio muito grande para o campo das pesquisas”, explica. Responsável pelas pesquisas eleitorais divulgadas pelo Grupo A TARDE sobre o cenário eleitoral na Bahia, a Atlas/Intel acumula mais um desempenho expressivo nas Américas.
A única empresa brasileira de pesquisa com forte atuação internacional foi eleita a melhor entre todas que fizeram sondagens na Argentina, em 2019, quando atuou no pleito presidencial, e ainda nas primárias legislativas e nas eleições legislativas, de forma consecutiva. O instituto também teve trabalho reconhecido como o melhor no ciclo eleitoral da Colômbia, que acabou este ano. Nos Estados Unidos, em 2020, ao contrário das maiores empresas de pesquisas do mundo, que tiveram a pior atuação em 40 anos, a Atlas/Intel conseguiu entregar estimativas dentro da realidade americana. Agora, com o trabalho desenvolvido nas eleições chilenas e no plebiscito, Roman comemora. “Esse ciclo do Chile me alegra muito, mas dentro da nossa trajetória é apenas mais um que comprova a excelência do nosso trabalho e mostra que não foi um acidente. Se você consegue ter resultados bons de maneira constante, não se trata de sorte, mas de trabalho bem-feito”, destaca.
Contratada pelo Grupo A TARDE, a Atlas/Intel tem produzido nos últimos meses amostragens sobre a disputa pelo governo da Bahia. Os recentes levantamentos mostram uma mudança no cenário, com encurtamento da distância entre os dois mais bem colocados candidatos, Jerônimo Rodrigues (PT) e ACM Neto (União Brasil). Andrei Roman acredita que o processo eleitoral no estado representa um desafio diante do histórico de erros de apuração sobre a preferência do voto, como nas primeiras eleições vitoriosas de Jaques Wagner e Rui Costa, apontados à época pelos institutos como derrotados.
“A gente entende que o que contribuiu muito para isso foi a subestimação do voto “duro” petista no estado. Por conta disso, optamos por adotar questionário nesse ciclo da Bahia indicando o nome do candidato junto ao partido, para que a gente possa ter mais proximidade a um cenário que está amparado não só nos candidatos, mas nas bases partidárias deles”, avalia. Para o CEO da Atlas/Intel, os resultados apontados pelo Instituto são praticamente iguais aos produzidos pelo Datafolha, o que muda é a metodologia.
“Quando a gente compara os resultados da Atlas e do Datafolha, por exemplo, são idênticos. 38% do eleitorado da Bahia diz votar em Jerônimo do PT na pesquisa Atlas, e 38% diz votar com certeza no candidato do PT na pesquisa Datafolha. Ou seja, se trata de resultados completamente idênticos, quando a gente compara as perguntas que são realmente comparáveis. Uma coisa é ‘eu voto no candidato do PT’, outra coisa é ‘eu voto em Jerônimo’, porque muita gente ainda não conhece quem é o Jerônimo”. Segundo Roman, “quem fizer uma avaliação rigorosa, justa, fria e objetiva dos cenários das pesquisas vai entender que a principal discrepância entre a Atlas e os outros institutos é apenas a maneira como a pergunta é feita, com a inclusão do nome do partido”.