Analistas já enxergam a preocupação de Jerônimo, Rui Costa e de todo o grupo de situação, em estreitar relacionamentos e fortalecer bases para o embate.
Parece que, apesar da desaprovação crescente do governo federal, Lula ainda mantém uma posição forte nas intenções de voto para 2026. Pesquisas recentes mostram que, mesmo com índices de desaprovação recordes, ele lidera em cenários de segundo turno contra possíveis adversários. Isso sugere que a percepção do governo e a figura de Lula podem ser vistas de forma distinta por parte do eleitorado.
Essa desconexão entre a figura de Lula e a avaliação do governo é realmente intrigante. Parece que, enquanto Lula ainda é visto como uma alternativa viável em cenários eleitorais, há uma crescente percepção de que o governo atual não está entregando o que muitos esperavam. Isso pode ser reflexo de um eleitorado mais crítico e menos disposto a “fechar os olhos” para os problemas. A velocidade dessa mudança é, de fato, surpreendente, especialmente em estados como a Bahia, onde a popularidade de Lula sempre teve um peso significativo.
Para alguns líderes e críticos, a comunicação eficiente é, sem dúvida, uma ferramenta poderosa, mas ela não pode substituir a substância da política. É como tentar vender um produto sem qualidade, as falhas se tornam evidentes. A responsabilidade de criar políticas consistentes e resultados concretos recai sobre o governo, e a comunicação só pode amplificar o que já existe. O político pode possuir o melhor estrategista em comunicação, habilidoso e perspicaz, No entanto, a sua assessoria de comunicação não pode transformar a percepção pública sem que haja ações políticas tangíveis para respaldar essa narrativa. Parece que o desafio aqui é mais profundo do que apenas comunicação; é sobre alinhar discurso e prática.
A desaprovação do governo federal, especialmente em um estado onde Lula sempre teve forte influência, enfraquece a capacidade de transferência de votos para os candidatos apoiados por ele. Isso cria um ambiente onde a oposição pode explorar o desgaste do governo sem precisar atacar diretamente a figura de Lula. Além disso, o enfraquecimento do “colchão protetor” que o governo federal historicamente ofereceu ao PT na Bahia pode nivelar o campo de disputa, permitindo que a oposição enfrente o governo estadual de forma mais direta. É um momento em que o desgaste nacional parece estar se refletindo no cenário estadual, mesmo que de forma indireta.
Por outro lado, o aumento na aprovação do governo Jerônimo, conforme detectado nas pesquisas recentes, pode ser um fator de equilíbrio. A questão é se esse crescimento será suficiente para contrabalançar o impacto negativo vindo do plano federal. Parece que o tabuleiro político na Bahia está em um momento de transição e cheio de incertezas. O estado da Bahia tem uma dinâmica política profundamente influenciada pelo cenário nacional. A expectativa de poder, tanto no plano federal quanto estadual, sempre foi um fator decisivo nas eleições do estado. A vitória de Jerônimo em 2022, foi amplamente sustentada por essa lógica vertical e pela força da figura de Lula, além da promessa de recursos e poder ampliados com a chegada de Lula ao governo federal.
A tentativa de ACM Neto de estadualizar a disputa, embora lógica, esbarrou nessa expectativa de poder que ele não podia oferecer. Isso reflete um padrão histórico, como no caso da vitória de Wagner em 2006, onde a expectativa de poder associada a Lula foi determinante. Hoje, com o enfraquecimento de Lula, a estadualização da disputa, que antes era um risco para a oposição, pode se tornar uma oportunidade. No entanto, o PT na Bahia provavelmente evitará esse caminho, reconhecendo os riscos que ele representa. A política baiana continua sendo um reflexo fascinante da interação entre os níveis estadual e federal. O ponto forte e estratégico do PT para equilibrar esse cenário e vencer as eleições na Bahia, são os prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e lideranças das pequenas e médias cidades do interior, onde Lula ainda é o herói e os votos são muito mais fidelizados.