Barragem do Zabumbão também poderá ser afetada com medidas de racionamento para a irrigação. Essas medidas poderão ocorrer enquanto não ficar pronta a Barragem do Rio da Caixa
A partir de setembro de 2025, o cronograma de irrigação do Perímetro Irrigado do Brumado, que abrange os municípios de Livramento de Nossa Senhora e Dom Basílio, será drasticamente reduzido. A medida, considerada inevitável, foi oficializada na Reunião de Alocação de Água 2025/2026, realizada na última semana, como resposta ao grave quadro de escassez hídrica na região.
De acordo com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), a Barragem Luiz Vieira, que abastece diretamente o perímetro irrigado, opera atualmente com apenas 37,79% de sua capacidade total. A irregularidade das chuvas, concentradas praticamente apenas no mês de janeiro, agravou o cenário. “O Açude Luiz Vieira acumulou pouca água, o que compromete todo o sistema de irrigação da região”, explicou Bruno Collisconn, coordenador da ANA.
Além da Barragem Luiz Vieira, outro importante reservatório da região, a Barragem do Zabumbão, localizada em Paramirim, também acende o alerta. Embora ainda não esteja em situação tão crítica quanto Luiz Vieira, há risco iminente de racionamento na liberação de água para irrigação, já que o Zabumbão não atende apenas Paramirim, mas também abastece diversos municípios do entorno, ampliando a pressão sobre seus recursos hídricos.
A situação da Barragem do Zabumbão é agravada pela dependência de um projeto estruturante que ainda está em fase de construção, a Barragem do Rio da Caixa. A expectativa é que, uma vez finalizada, essa nova estrutura permita a interligação dos sistemas hídricos da região, garantindo uma segurança hídrica permanente. Contudo, enquanto essa obra não é concluída, a Barragem do Zabumbão segue vulnerável, especialmente em períodos de estiagem prolongada.
A decisão de reduzir a irrigação no Perímetro Irrigado do Brumado, foi construída de forma consensual entre produtores, órgãos ambientais e gestores públicos. O objetivo é evitar um colapso no abastecimento, tanto para a agricultura quanto para o consumo humano e animal. “Se não chover nos próximos meses, a situação da barragem em abril e maio de 2026 será extremamente crítica. Precisamos agir preventivamente”, alerta Collisconn.
O impacto sobre a economia agrícola da região é significativo. A produção de frutas como maracujá, banana, manga e mamão, além de hortaliças, deverá ser reduzida, afetando não só o mercado local, mas também a distribuição para outros estados. “É um sacrifício necessário em prol da sustentabilidade do nosso sistema hídrico”, reforça o coordenador da ANA.
Paralelamente, os produtores estão sendo orientados a investir em tecnologias de irrigação mais eficientes, reduzir desperdícios e buscar alternativas produtivas menos dependentes de grandes volumes de água. A crise reacende o debate sobre a urgência de políticas públicas que acelerem obras estruturantes, como a do Rio da Caixa, e promovam uma gestão hídrica integrada e eficiente para o semiárido. O desafio é grande e exige união de esforços de toda a sociedade, para que a convivência com a seca deixe de ser um problema e passe a ser uma realidade sustentável e planejada.