A participação das Forças Armadas no cerco ao tráfico na Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, não vai se limitar ao controle das principais vias que dão acesso à comunidade. Militares treinados em operações na selva vão ajudar no reconhecimento da área e na localização de traficantes escondidos na floresta no entorno da favela.
Segundo o chefe do Estado-Maior Conjunto das Operações em Apoio ao Plano Nacional de Segurança no Rio de Janeiro, almirante Roberto Rossatto, diferentemente das outras ações das Forças Armadas no estado, desta vez, as tropas estão atuando nos acessos à comunidade atingida e no seu entorno, na vegetação de mata fechada, com o uso de helicópteros para desembarcar homens do Exército treinados para fazer o reconhecimento e militares para auxiliar a comunicação da operação.
O almirante disse que a Estrada da Gávea divide a comunidade em duas partes: de um lado a Rocinha e do outro o Vidigal e, por isso, foi feito um cerco modificado, dividindo o terreno, para que as tropas possam atuar com maior eficácia. As Forças Armadas vão permanecer na Rocinha por tempo indeterminado, segundo Rossato.
O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Roberto Sá, disse que os criminosos estão, em sua maioria, abrigados na mata, mas, como a Rocinha é muito grande, eles podem estar escondidos também em casas na comunidade.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que o efetivo que poderá ser deslocado imediatamente são os 950 homens da Polícia do Exército lotados no Estado do Rio de Janeiro. Ele afirmou também que o efetivo pode crescer conforme a demanda dos próximos dias, até o limite máximo de 10.000 homens, que “é excessivo e só será utilizado em caso de necessidade”.
Balanço
As ações realizadas desde domingo por policiais da 11ª Delegacia de Polícia (Rocinha), em conjunto com policiais militares, resultaram na prisão de três pessoas, identificadas como Edson Gomes Ferreira, Wilklen Nobre Barcellos e Fabio Ribeiro França. Quatro criminosos morreram nos confrontos. Seis pessoas ficaram feridas e foram socorridas e encaminhados ao Hospital Miguel Couto.
O Portal dos Procurados, site ligado ao Disque Denúncia do Rio, está oferecendo recompensa de 30 mil reais por informações que levem à prisão de Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, chefe do tráfico na Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro. Ele disputa o domínio do comércio ilegal de drogas na favela com o traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, que está no presídio federal de Rondônia. Os dois pertencem à facção criminosa Amigo dos Amigos.
Nem é suspeito de ter ordenado o ataque contra a quadrilha de Rogério. Por isso, mesmo preso, teve nova prisão decretada. Nesta sexta-feira, 22, o portal publicou cartaz divulgando a recompensa pela prisão de Rogério. A peça também oferece um prêmio por informações a respeito de oito acusados de ter participado da invasão da Rocinha no último domingo. Para cada um dos procurados, o pagamento será de R$ 1 mil.