A formação de clãs familiares na política brasileira não é novidade. Como se fosse uma herança das capitanias hereditárias, as Casas Legislativas do país, sejam elas municipais, estaduais ou federais são, muitas vezes, habitadas por familiares de pessoas com tradição na política. Na Bahia, não é diferente. São vários os exemplos de herdeiros políticos prontos para continuar a linhagem dos pais nas eleições do próximo ano.
Entretanto, chama atenção o caso do PSD, sigla comandada no estado pelo senador Otto Alencar. A quantidade de caciques com laços familiares – entenda-se por filhos prestes a disputarem, alguns deles, espaço pela primeira vez na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) ou na Câmara dos Deputados – torna o PSD o que poderia se chamar de “legenda família”.
A árvore genealógica social-democrata começa logo pelo comando estadual. Filho de Otto Alencar, Otto Alencar Filho, atual presidente da Desenbahia, vai concorrer a deputado federal no próximo ano. Já Diogo Coronel, filho do presidente da AL-BA, Angelo Coronel, disputará uma cadeira na Casa comandada atualmente pelo pai. Outros que devem se arvorar no capital político dos pais são Rogério Andrade Filho e Larissa Oliveira, que também participarão da corrida pelo Legislativo estadual. Ele é filho do prefeito de Santo Antônio de Jesus, Rogério Andrade; ela, filha de Robério Oliveira, mandatário de Eunápolis. Os dois ocupavam uma vaga na AL-BA antes de serem alçados a prefeitos nas eleições de 2016.
Por outro lado, há os casos daqueles que já estão na vida política, assim como os pais. O prefeito de Ilhéus, por exemplo, é Mário Alexandre, o Marão, filho da deputada estadual Ângela Sousa. O vereador de Salvador, Edvaldo Brito, é pai do deputado federal Antonio Brito.
Tem também os casos de quem tentou se lançar na vida pública, mas não obteve sucesso. Débora Ubaldino até tentou aproveitar a herança política do pai, o deputado estadual Carlos Ubaldino, mas a iniciativa não deu certo. Otto Alencar vê as várias relações de parentesco na sigla de forma “natural”. Na avaliação dele, a entrada dos rebentos na vida política nada tem a ver com querer perpetuar suas famílias neste ambiente, e sim com “vocação”. “Isso é a vontade de cada um. Aqui na Bahia, como qualquer lugar do Brasil, pode ocorrer isso. Não vejo algo como fora da curva. É uma regra geral”, afirmou, em entrevista ao Bahia Notícias.
Com vários nomes que concorrerão a cargos eletivos no ano que vem, o presidente estadual da sigla também não prevê problemas na divisão de recursos de campanha entre eles. “No PSD, não vai ter esse problema. É um comando democrático. Mas também a campanha política é como vestibular. Você tem que estar preparado. Não é apenas recurso ou capital político dos pais, por exemplo”, assertou.
Otto também negou que apenas ajudará o filho na disputa eleitoral. “Se meu partido tem vários, vou ajudar todos os candidatos, não vou ajudar só meu filho. Tanto que estou estimulando a candidatura a deputado federal do prefeito de Guanambi, o Charles, em uma região em que meu filho seria votado pela Ivana [Bastos]. Tô abrindo mão por ele”, defendeu.
Por: Bruno Luiz – Bahia Noticias