Decréscimo de água em toda a bacia hidrográfica do São Francisco preocupa pesquisadores.

O clima seco está castigando a população do semiárido baiano, principalmente das regiões Sudoeste, Sertão Produtivo, Sisal e Velho Chico. Até a quarta-feira, 1º, a Bahia tinha 111 municípios com os decretos de emergência reconhecidos pelo Estado, afetando pelo menos 1,2 milhão de pessoas, impactadas pela falta de água e alimentos, porque as roças de subsistência nada produziram.

O reflexo das mudanças climáticas é uma realidade observada na pesquisa divulgada pelo programa MapBiomas no mês passado, indicando que nos últimos 36 anos a perda de superfície de água na Bahia foi de 23 hectares, que representa 3,59% das áreas registradas em 1985. A caatinga foi o bioma mais afetado, perdendo 17,5% da superfície hídrica no período.

Neste contexto, comunidades que se formaram no entorno de lagoas e rio marginais do rio São Francisco, veem os mananciais perdendo força a cada período de seca. Embora já disponha de poços artesianos perfurados, nenhum deles tem motor e demais equipamentos para retirar a água do subsolo.

Em algumas localidades, os moradores improvisaram uma forma de puxar a água pela abertura estreita do poço. “Eles descem um cano amarrado em uma corda. Quando enche, puxam de forma manual e em pequenas porções vão guardando para abastecimento humano e dessedentação animal.

Resultado de iniciativa do Observatório do Clima, co-criada e desenvolvida através de parceria multi-institucional entre universidades, ONGs e empresas de tecnologia, o MapBiomas Alerta desenvolve uma série de estudos na área ambiental, a partir de dados e imagens captados por satélites. De acordo com o coordenador da Equipe Caatinga do projeto, Washington Rocha, a tendência observada em todos os biomas e estados é de redução da superfície de água, assim como a perda de cobertura vegetal.

“Verificamos na pesquisa o decréscimo de água em toda a bacia hidrográfica do São Francisco”, exemplificou Rocha, que é geólogo por formação e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). Ele revelou que a situação é preocupante e salientou a necessidade de maior comprometimento com a conservação ambiental em todos os aspectos, para buscar a reversão deste quadro que comprovadamente se agrava nas últimas décadas.