“O Brasil saiu de um cenário de terra arrasada e de um dos mais graves atentados à democracia, para a reconstrução de toda a rede de proteção social que havia sido destruída, e ainda com a melhora dos indicadores econômicos.”

O ex-governador da Bahia e hoje Senador Jaques Wagner, que exerce a função de líder do governo no Senado, esse seria um resumo do que foram os primeiros seis meses iniciais do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao site Bahia Notícias, o líder do governo fez uma avaliação do início do governo até este final de junho, e destacou que o trabalho da nova gestão começou antes da posse, com a negociação para aprovação da chamada PEC da Transição. Segundo Jaques Wagner, o governo Bolsonaro deixou uma situação de “terra arrasada orçamentária, que inviabilizava por completo o primeiro ano da nova administração.

“A nossa atuação começou antes do 1º de janeiro, em dezembro, quando trabalhamos em uma fase muito importante que foi a transição. Tivemos a PEC da transição, e sem isso a gente nem conseguiria fazer nada, porque o orçamento deixado pelo governo anterior era muito deficitário, impossível de se trabalhar”, afirmou.

Jaques Wagner falou também sobre a dificuldade inicial vivida pelo governo Lula, após os atos de vandalismo realizados em Brasília no dia 8 de janeiro. O senador destacou a união dos três poderes para restabelecer a ordem após a tentativa de “tomada do poder” por manifestantes bolsonaristas.

“Começamos infelizmente com o triste episódio do 8 de janeiro, que tumultuou muito a nossa chegada. Na verdade naquele 8 de janeiro todo mundo ainda comemorava a vitória da democracia, o fato de termos tido eleições tranquilas, e tivemos aquele ato de vandalismo como nunca visto. Isso mexeu com as instituições, mas graças a Deus, acabou virando um ponto alto porque houve união imediata dos três poderes, com total solidariedade. Naquele momento, ninguém ligou para partido, mas ligou sim para a manutenção da democracia, e depois dali viemos caminhando nesses cinco meses e meio, reconstruindo toda a rede social de proteção que tinha sido destruída”, declarou o líder.

Em seu resumo sobre os primeiros seis meses, o senador baiano citou os avanços na agenda econômica, com a aprovação do arcabouço fiscal e o encaminhamento da reforma tributária. “O arcabouço já está votado nas duas casas, agora volta para a Câmara, e estamos tratando da reforma tributária, assim como muitas outras matérias que nos interessam no sentido de organizar a economia brasileira para que a gente possa ter um arranque definitivo. Os indicadores estão correspondendo e esse é um dado positivo”, afirmou.

Um aspecto negativo citado pelo líder do governo nesse começo de governo Lula é a insistência do Banco Central em manter a taxa básica de juros no mesmo patamar de 13,75% ao ano. Jaques Wagner disse esperar que a equipe comandada pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, tenha maior consciência da necessidade de reduzir esse patamar para estimular o crescimento da economia.

“Infelizmente ainda temos essa triste questão dos juros. Eu estou no coro de quase todo mundo de que é um absurdo, com os indicadores econômicos como estão, manter uma taxa de juros tão alta. Mas eu espero que a equipe do Banco Central se convença que está isolada no seu conceito, e que a gente possa ter juros racionais para desenvolvimento da economia”, disse.

Por fim, o senador Jaques Wagner enfatizou a retomada de uma agenda internacional que recolocasse o Brasil nos principais foros de discussão mundiais, e a construção de um bom relacionamento com os partidos da base aliada no Congresso.

“Neste começo de governo o presidente Lula ampliou a sua agenda internacional, e eu acho que o Brasil retomou o seu papel de destaque na comunidade internacional. Eu pessoalmente estou bastante satisfeito. Aqui no Senado temos conseguido, através do diálogo, ter vitórias importantes. Inclusive acabamos de aprovar o Dr. Zanin, indicação do presidente Lula, para a Suprema Corte. Como líder do governo, a gente comemora esses seis meses e agradece a base e a oposição também, pelo relacionamento dentro da racionalidade e da educação”, concluiu Jaques Wagner.