Tão Impressionante quanto os estragos provocados por decisões equivocadas, manipulações de dados, insensibilidade e total desrespeito ao meio ambiente, são as caras de pau dos responsáveis por esse desastre ambiental, que com extrema agilidade, anunciam em carros de som, produzem vídeos, postam mensagens, visando “aliviar a sua parcela de culpa” nesse triste episódio.
Agora há pouco, nossa reportagem esteve de volta ao local, para realizar tomadas aéreas (Drone), constatando que os estragos provocados, consumirão dias de trabalho pesado que certamente envolverão máquinas e homens. Será necessário convocar um mutirão, solicitar ajudas inclusive nos municípios vizinhos, para eliminar toda a sujeira acumulada. Isso será apenas o começo de um processo de revitalização.
As causas já foram expostas em reportagem anterior: má gestão dos recursos hídricos, despreparo dos sujeitos que compõem a tão mencionada Câmara de Gestão, que por sinal, possui entre os membros pessoas ligadas a latifundiários diretamente interessados na água para o gado, por associações com os mesmos objetivos de exploração comercial dos recursos, ONGs das quais a população não tem notícia da sua atuação em defesa da Barragem do Zabumbão (cuja existência é ignorada pela maioria da população), representantes do poder público municipal desprovida de experiência, conhecimento técnico ou atuação em defesa do meio ambiente e um representante da sociedade civil ligado diretamente ao presidente do Comitê de Bacias. Enfim, uma montagem arriscada, se levada em consideração a responsabilidade de gerir decisões que podem provocar catástrofes piores da que estamos vivenciando.
Enquanto se discute o que fazer, por onde começar, visto que o município de Paramirim vive dias de crise. O que se observa são olhares intimidadores daqueles que insistem em manter o clima de apartheid entre grupos políticos locais. Para estes, tudo deve obrigatoriamente desembocar em politicagem. Lá depois das paredes da barragem, a água que ainda resta, vai minguando e segue recebendo dejetos, as nascentes contaminadas por materiais químicos, sendo soterradas por garimpos clandestinos, segue a triste devastação. Sobre isso não se vê muitos preocupados. A preocupação é atribuir culpas, regularizar as vertentes para que as águas continuem servindo a felizes proprietários ribeirinhos, sendo desviada para uma lagoa poluída, enfim, para que tudo siga como era antes. Até quando?