Foto: Reprodução Leitor/WhatsApp
Mais um lamentável acontecimento chocou a população de Paramirim na manhã dessa segunda-feira (19). O Corpo está sendo velado na comunidade de Várzea Redonda, área rural de Paramirim, com missa de corpo presente prevista para as 10:hs e em seguida o sepultamento. Os fatos trágicos seguem sendo investigados pela Polícia Civil, motivação, bem como a causa definitiva da morte de da jovem que foi encontrada no quintal de uma residência no Bairro Santo Antônio (Espanha), na periferia da cidade.
De acordo com informações preliminares, aparentemente, Keila Santos Oliveira de 18 anos, teria provocado a própria morte, (suicídio). A suspeita inicial se dá, pelas evidências encontradas, dentre as quais, uma carta com breve relato, que supostamente, teria sido escrita por Keila. O conteúdo que foi amplamente divulgado por Blogs, não traz motivos contundentes, que de fato justificaria o suicídio.
Nossa reportagem busca apurar com maiores detalhes os acontecimentos, estamos empenhados em acompanhar o desenrolar das investigações, aguardando o laudo oficial do IML, que certamente esclarecerá a causa definitiva do óbito. Acredita-se em enforcamento, porém, somente a necropsia irá determinar o que realmente aconteceu. Fato é que o falecimento da jovem Keila, comoveu a sociedade regional, que ainda abalada, deve acompanhar o sepultamento nessa terça-feira.
O número de mortes de jovens está aumentando de forma assustadora. “É preciso jogar luz, discutir mais abertamente esse assunto tido como macabro. Como o suicídio é um assunto tabu, podemos ficar com a impressão de que o problema não existe em grande magnitude. Mas isso não é verdade. Diariamente, segundo dados oficiais, 32 pessoas põem fim à vida. E podemos supor que o número real de suicídios seja, pelo menos, 20% maior do que isso”.
“As tentativas são mais comuns entre os mais jovens, que tendem a usar métodos de menor letalidade. Geralmente estão enfrentando situações de conflito interpessoal e têm menor estabilidade emocional e mais impulsividade”, explica Botega, coordenador do projeto de combate ao suicídio no Brasil.
MOTIVOS NEM SEMPRE APARENTES
Quem tem adolescente em casa sabe: eles são os mais inclinados ao imediatismo e à impulsividade. Como ainda não atingiram a plena maturidade emocional, têm mais dificuldade para lidar com situações estressantes e frustrações – o que torna os pensamentos suicidas mais frequentes nessa população. Na maioria das vezes, porém, eles são passageiros, não indicam psicopatologia ou necessidade de intervenção. No entanto, pensamentos dessa natureza mais intensos e prolongados, associados a um quadro de crise aguda, podem aumentar o risco de um jovem ir às vias de fato. Entre as principais causas de crises que poderiam desencadear o suicídio entre jovens estão baixa autoestima, histórico de abusos (incluindo aí o bullying), problemas amorosos, dificuldades para lidar com a própria sexualidade e reflexos da superproteção.
Diferenciar reações consideradas normais de sinais de alerta de que algo grave está por acontecer pode ser extremamente difícil. “Quem pensa em suicídio está passando por um sofrimento psicológico e não vê como sair disso. Mas não significa que queira morrer. O sentimento é ambivalente: a pessoa quer se livrar da dor, mas quer viver. Por dentro, vira uma panela de pressão. Se ela puder falar e ser ouvida, passa a se entender melhor”, diz Roberto Gellarte, presidente do Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio 24 horas pelo telefone 141 e pelo cvv.org.br.
Hoje, mais de 70% dos atendidos pelo chat do site têm menos de 30 anos. Para Roberto, crises indicam que o jovem precisa de ajuda. “O suicídio é um processo, uma tentativa de se comunicar quando todas as outras já deram errado. Antes de efetivamente tentá-lo, a pessoa se isola, dá sinais de que algo não está bem”, explica ele.
Segundo a cartilha Suicídio, Informando para Viver, da Associação Brasileira de Psiquiatria, apenas 3% dos casos podem ser relacionados a alguma doença psiquiátrica. Para todos os outros, há tratamento – 36% dos suicidas apresentam distúrbios de humor e 22% transtornos por uso de substâncias psicoativas. Por isso, é importante ficar atenta a mudanças no comportamento dos filhos.
FORMAS DE PREVENÇÃO – De acordo com a OMS, é possível prevenir 90% dos casos se houver condições de oferecer ajuda. E, diferentemente do que apregoa o senso comum, discutir o problema é uma boa estratégia para combatê-lo.
O medo de tocar nesse tema, costuma empurrar o assunto para debaixo do tapete. Mas, a ideia de que falar sobre pessoas que se mataram pode induzir a fazer o mesmo não tem fundamento, segundo Botega: “Questionar, de modo sensato e franco, ideias de suicídio fortalece o vínculo com uma pessoa, que se sente acolhida e respeitada por alguém que se interessa por seu sofrimento”. Assim, os pais podem (e devem!) Falar sobre o assunto. Se não aparecer espontaneamente, ele pode ser introduzido de modo a deixar claro que certas coisas acontecem e que devemos conversar sobre elas. É possível dizer frases como: “Algumas vezes, quando nos sentimos mal, pensamos que seria melhor não ter nascido ou que seria preferível morrer. Você já teve pensamentos desse tipo? ”. É fundamental ouvir com atenção e respeito, sem julgamento ou censura e sem preleções morais ou religiosas.
O importante é reafirmar a preocupação e o desejo de conversar e ajudar, mesmo que isso implique tocar em assuntos delicados. “O adolescente deve ser acolhido, receber proteção e apoio, e não castigo”, explica Roberto. “É preciso respeitar a dor do outro. Muitas vezes, podemos achar a motivação banal ou desimportante, mas cada um sente e se angustia com as coisas de forma particular”, conclui.