Do: Correio24horas
A professora Vera Ferreira dos Santos, mãe de Diego, foi amparada por amigos durante a manifestação
“Hoje somos nós e amanhã? Você acha que essa guerra vai acabar?”, indagou no microfone a estudante de direito Fabiana Palmeira, 30 anos, durante uma manifestação em homenagem ao analista de sistemas Diego Ferreira dos Santos, 28 anos, morto durante um assalto na manhã de sexta-feira (3), na Rua dos Bandeirantes, em Matatu de Brotas.
Vizinha e amiga de Diego, que foi enterrado sábado, Fabiana liderou a passeata que aconteceu na manhã deste domingo (5), do Largo dos Paranhos à Travessa Santa Rita, passando pelo ponto de ônibus da Rua dos Bandeirantes, onde Diego morreu. Cerca de 50 amigos e parentes vestidos de branco clamavam por paz e por justiça, com bolas brancas e cartazes em punho. “A dor que machuca é a dor da injustiça”, “queremos paz” e “se não há justiça para o povo, que não haja para o Governo” foram algumas das frases.
Emocionada, a mãe da vítima, a professora Vera Ferreira dos Santos, era amparada enquanto lamentava chorando: “Eu criei um homem de respeito! E uma coisa dessas acontece comigo… Eu não merecia isso…”, disse.
Amigos e parentes pediam por paz e por justiça na passeata que homenageou Diego Ferreira
“Um bandido, por causa de um celular, matou meu filho…”, lamentou Vera, em frente à Paróquia Bom Jesus dos Milagres, onde todos se reuniram para uma oração antes de seguirem em passeata.
“Que Deus conforte o coração dessa família. A violência aumenta e precisamos de coragem para manifestar nossa paz. Quantas pessoas, quantas vítimas estão sendo mortas? Precisamos lutar para sanar essa violência. Nós temos que lutar por nossos jovens”, disse o padre João Eduardo Paiva, 47, antes de rezar um Pai Nosso e uma Ave Maria.
À medida que a manifestação avançava pelas ruas Barros Falcão e Bandeirantes, vizinhos apareciam e penduravam lençóis brancos em suas janelas. Além das orações, a passeata ficou marcada por músicas como Você, famosa na voz de Tim Maia (1942-1998) e cantada pelos amigos e parentes de Diego: “Não, não vá embora. Vou morrer de saudade”.
“A gente quer fazer diferente. Não vamos desejar a morte dos bandidos, mas queremos segurança para nossos filhos. Tenho uma filha de um mês e luto pelo direito à família. Se você tem base familiar, a rua pode te chamar para qualquer lugar, mas você não vai porque sabe de onde vem”, afirmou a amiga Fabiana Palmeira. A estudante de Direito anunciou uma nova manifestação no dia 11, saindo da Vila Laura, às 8h, porque “foi onde fizeram o primeiro assalto”, justificou.
Investigação
O caso de Diego, que também era estudante de Direito, foi registrado como latrocínio e está sendo investigado pela 6ª Delegacia (Brotas). “Algumas pessoas foram encaminhadas para a delegacia, mas até agora infelizmente não encontramos os autores do crime”, afirmou a delegada Maria Dail, responsável pelas investigações. “Segunda-feira (06) vamos prosseguir vendo as imagens de câmeras de estabelecimentos próximos”, completou a delegada.
Algumas imagens que circulam entre amigos e parentes de Diego já estão em posse da delegada. Na verdade, são prints de um vídeo ainda não recebido pela polícia com dois homens em cima de uma moto que, segundo testemunhas, teriam sido fotografados por alguém que ouviu os tiros e sacou o celular para gravar. “Recebemos de alguém que estava na hora. Não é um vídeo, é uma foto. Mas acontece que não vê ali nem placa, nem capacete. Mas estamos divulgando mesmo assim, porque alguém pode ser reconhecido. Estamos empenhados nisso. Não pode ficar impune assim não”, completa a delegada Maria Dail.
Caixa d'Água
Na manhã deste domingo (5), outro assalto a celular aconteceu na Rua da Caixa d’Água, por volta das 8h30, com o jovem Iuri Lacerda dos Santos, 18 anos. O rapaz estava andando pela rua, quando dois homens em uma moto o abordaram armados e pediram o celular. Iuri entregou o aparelho e saiu correndo, momento em que os bandidos atiraram e Iuri foi atingido