Para que se tenha noção dos diversos equívocos praticados em campo, imaginem que, por irresponsabilidade do governo ou do IBGE, a família do Jornal O Eco não foi recenseada!

Imaginem um jornal com sede na cidade de Paramirim, cuja família fundadora do referido veículo de comunicação, que reside no município há mais de 40 anos, conhecida por toda a população local e regional, sequer foi procurada pelos recenseadores do Censo Demográfico! A partir desse exemplo, é possível calcular quantas falhas, distorções, irresponsabilidades podem estar sendo cometidas na contagem da população brasileira, em especial da nossa região, que inclusive poderá afetar diretamente pequenos municípios que estão com os dados equivocados. Se para os recenseadores de Paramirim a família O Eco não existe, calculem quantas outras famílias estão deixando de ser contadas?

O caso é gravíssimo e exige das autoridades providências urgentes, no sentido de rever tamanhos atrasos e equívocos com consequências danosas para a população das cidades. É necessário fiscalização severa, auditoria na coleta de dados, mesmo que  adiem a divulgação ou oficialização de um novo Censo Demográfico no Brasil. Com o último levantamento realizado em 2010, mais do que descumprir a legislação, que determina que o Censo ocorra a cada 10 anos, as falhas gritantes e o atraso podem significar prejuízos irreparáveis à prefeituras e a população brasileira que vive nos Municípios, onde, de fato, são efetivadas as políticas públicas do país.

Sabemos que é exatamente da contagem populacional, que se determina os coeficientes de distribuição do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), principal fonte de renda da maioria dos pequenos municípios que não possuem renda própria. Se não contam direito, inclusive deixam de recensear moradores que estão estudando fora por algum tempo, outros em tratamento médico, isso vai impactar danosamente na distribuição de recursos em dezenas de programas federais, sem esquecer que o Censo é a ferramenta que permite fazer uma radiografia e, portanto, um diagnóstico da realidade brasileira. Sem isso, toda a gestão pública, nas três esferas de governo, é penalizada pela falta de indicadores concretos – demográficos e socioeconômicos – que orientem a construção e a implementação de investimentos e políticas públicas.

As aberrações que se vê neste levantamento, aliado à falta de interesse do presidente que executa equivocadamente esse importante trabalho, deve existir quem se levante, autoridades capazes de barrar tamanha estupidez. Seja refazendo o Censo, auditando com rigor e principalmente tomando decisões que impeçam os impactos para as gestões municipais. É urgente que se evite perdas aos entes municipais, impedindo a oficialização de um Censo baseado em resultados parciais de contagem populacional, isso seria mais um crime contra os pequenos municípios. O Tribunal de Contas da União (TCU) deve intervir para que o Censo a ser publicado em 2023, com efeitos no FPM para 2024, não seja usada a metodologia baseada em um Censo incompleto, sob pena de muitos Municípios serem prejudicados.