Cortando na pele, presidente demitiu aliados e criou novo ministério em nome da estabilidade administrativa e garantia de aprovação dos seus projetos.

Como bem definiu desde a sua campanha, o presidente Lula teve que abrir diálogo, negociar com o parlamento e com partidos que não eram da base, para alcançar condições de tocar o governo sem embates com a Câmara e o Senado Federal. Anunciada nesta quarta-feira (06) a mini reforma foi consolidada para abrigar PP e Republicanos na Esplanada dos Ministérios, o governo espera contar com uma base no Congresso Nacional ampliada, capaz de aprovar projetos de lei de interesse da administração e realizar reformas necessárias sem dificuldades.

A dança das cadeiras no primeiro escalão federal removeu Ana Moser do Ministério do Esporte. Uma demissão que, segundo aliados comoveu inclusive o presidente, que não desejava isso. No entanto, para que as coisas fluíssem, foi obrigado a entregar os anéis para não perder os dedos. André Fufuca (PP) passará a ocupar a pasta, e Silvio Costa Filho (Republicanos) será nomeado para os Portos e Aeroportos, até então ocupado por Márcio França (PSB).

França foi mantido no governo, mas enviado ao novo Ministério das Micro e Pequenas Empresas, anunciado por Lula no fim de agosto. Com isso, manteve-se a quantidade de titulares de sua sigla —além dele, o vice-presidente Geraldo Alckmin ocupa a Indústria e Comércio, e Flávio Dino está no Ministério da Justiça.

Com as duas siglas do centrão inseridas na Esplanada, o governo espera contar com, no máximo, 374 votos na Câmara dos Deputados e 60 votos no Senado, evitando problemas com projetos de lei comuns e aprovando PECs (Propostas de Emenda à Constituição).

Apesar de se tratar de uma ação considerada normal em uma gestão administrativa, existem informações de que Lula se emocionou muito ao despedir Ana Moser e preferiu não registrar fotos com os novos ministros indicados.