Primeira confirmação de infectado em Paramirim, amplia realidade que todos temiam. Agora a preocupação é com monitoramento de contágios, para que não haja proliferação descontrolada.

FOTO: REPRODUÇÃO – MATRIZ DE SANTO ANTÔNIO -PARAMIRIM

A notícia do primeiro caso confirmado no Vale do Paramirim, divulgada ontem oficialmente pela prefeitura através de boletim da Secretaria Municipal de Saúde de Paramirim, provocou rebuliço e muita apreensão na sociedade regional, que temia a chegada do vírus COVID-19 nesse pedaço do sertão. Apesar de já existirem confirmações extraoficiais de que o contágio era real, inclusive a reportagem do jornal O Eco, foi procurada por familiares de um cidadão, que supostamente teria contraído a doença em Salvador, e, ao retornar para Paramirim, permaneceu em isolamento total e requisitou o teste. As informações dão conta de que não foi atendido pela equipe de saúde do município para a coleta do material. Até o momento, não há confirmação se o doente estava ou não contaminado com o coronavírus.

O fato é que, após o choque provocado pelo anúncio oficial em Paramirim, as preocupações agora se voltam para a necessidade de monitoramento de familiares, funcionários e demais pessoas com as quais o infectado manteve contatos diretos, incluindo passageiros de algumas localidades, uma vez que o doente trabalha no ramo de transporte interestadual. Teria a prefeitura uma equipe multiprofissional treinada para enfrentar tais casos? Existe um plano estratégico para monitorar familiares, empregados e demais pessoas que tiveram contato com o infectado? Esse monitoramento foi acionado e está em curso? Há um plano específico de isolamento dessas pessoas que passam a serem consideradas tecnicamente suspeitas de possuírem o vírus?

TREINAMENTO EM SALA DE ISOLAMENTO EM BOQUIRA

As perguntas básicas da população vão além das declarações um tanto vazias do prefeito, que fizeram circular notícia sobre a existência de apenas quatro respiradores no hospital municipal e, ao nosso ver, em atitude demagoga, propagou a redução do seu salário, vendendo a impressão de que os cerca de R$ 7 mil fossem capazes de solucionar as demandas financeiras de prevenção e combate a tamanha pandemia. Temos notícias de municípios que além de organizarem salas de isolamento nas unidades de saúde, em razão da escassez de EPIs, estão buscando alternativas para a fabricação de aventais, lençóis, máscaras e outros itens necessários. Neste momento, há em Macaúbas, Boquira e outros municípios, uma cruzada organizada pelos gestores, no sentido de confecção e distribuição de máscaras de proteção para o maior número possível de pessoas nas comunidades.

FABRICAÇÃO DE MÁSCARAS EM GRANDE ESCALA PARA POPULAÇÃO DE MACAÚBAS

A consciência da maioria é de que, ultrapassada a fase inicial, cumprindo o isolamento social, mesmo sacrificando o lado financeiro, as famílias esperam não somente ações e divulgação de boletins. Querem agilidade e eficiência tanto na detecção de novos casos que já existem entre nós, quanto no pronto monitoramento, assistência e controle de situações que possam oferecer risco social, propagação em massa do vírus por eventual ausência do poder público municipal no cumprimento da sua parte nesse processo doloroso e angustiante. Salvo algumas exceções, a população está fazendo a sua parte. É necessária e urgente a apresentação da força tarefa, que assim como nos grandes centros, permanece em alerta máximo 24 horas, não apenas para acolher e tratar os doentes, como também para dar segurança em saúde aos que estão cumprindo o isolamento.

BLITZ DA SAÚDE COM REFORÇO DE INFORMAÇÕES EM BOQUIRA

A partir das informações até agora repassadas, em média, um indivíduo infectado transmite o vírus a pelo menos três outras pessoas, que por sua vez replicam o contágio na mesma proporção. Tendo em vista a realidade do anuncio oficial, desconsiderando as narrativas de casos suspeitos que não foram antes testados para o coronavírus, pode-se afirmar que há pelo menos 19 dias (uma vez que os relatos do contágio indicam 20 de março), o vírus já está entre nós, podendo haver um número razoável de portadores que ainda não foram detectados. É nossa responsabilidade alertar para a necessidade de maior rigor nos procedimentos de prevenção, reforçando as medidas de controle e especialmente testando se possível, todos que tiveram contato com quem se contaminou.

PROFISSIONAIS DE PLANTÃO – BARREIRA SANITÁRIA EM ÉRICO CARDOSO

Uma sugestão para o Consórcio dos Prefeitos do Vale do Paramirim, é a adequação de residências para eventuais isolamentos de portadores da doença, uma vez que nossa região é carente e poucos possuem capacidade segura de isolamento familiar dos enfermos. Isso deveria se aplicar também para familiares e demais pessoas que vierem a ter contato com os infectados. Uma ideia que vem recebendo elogios é a iniciativa do prefeito do Rio de Janeiro, que reservou apartamentos em hotéis. O movimento zerado destes estabelecimentos que inclusive possuem contratos de hospedagem com as prefeituras, aliado a praticidade para o monitoramento facultam essas medidas.