Apenas um único ponto pode ser considerado positivo diante as chamadas fake news, febre que assola o mundo . O leitor, seja ele assíduo de jornais, revistas, blogs, redes sociais, ou qualquer outro meio de comunicação, hoje se vê obrigado a checar as fontes de um fato, uma nova notícia, que lhe chega por meio eletrônico ou convencional. Isso, e apenas isso, no nosso entender, pode favorecer os veículos de comunicação que historicamente se esforçam em levar a verdade.

A reputação de tais periódicos é fator primordial nessa hora em que o cidadão busca a verdade. Certamente esse correto posicionamento do leitor, é a saída inteligente em face da proliferação das fake news. Isso não significa regra geral, pois, existem veículos de imprensa, tidos como “confiáveis” aderindo a onda das fake news, para atenderem interesses escusos de eventuais parceiros ou clientes. No entanto, em sua maioria, profissionais e empresas comprometidos com a imparcialidade, são lembrados na hora de se verificar uma notícia. Isso devolve a credibilidade aos veículos idôneos, que de fato pesam no quesito confiança do leitor pela postura e histórico apresentados ao longo da sua existência.

Os efeitos inimagináveis e danosos que já estão provocando as fake news no mundo atual, ensejou o posicionamento do Papa Francisco, que comentou sobre o assunto do momento. O Papa condenou o que chamou de “mal” provocado pelas notícias falsas, dizendo que jornalistas e usuários de redes sociais devem rejeitar e desmascarar “táticas de serpentes” manipuladoras. A declaração foi emitida após meses de debate sobre o quanto notícias falsas podem ter influenciado a campanha presidencial dos Estados Unidos na eleição de Donald Trump.

O assunto também foi destaque em grandes veículos como Folha de São Paulo e a Revista Veja que trouxeram matérias interessantes sobre o assunto. As notícias falsas tornaram-se uma epidemia mundial, um vírus da maior periculosidade, pois podem provocar males que vão desde pequenos tremores até distorções graves, como influenciar o resultado de uma eleição. O fenômeno ganhou tal dimensão que até os gigantes Google e Facebook começaram a se preocupar com o assunto, buscando meios para bloquear, inibir em suas redes as retransmissões das chamadas “fake News”. Outros canais estão mais vulneráveis, dentre os quais, o WhatsApp que é tido como porta principal de contaminação.

A imprensa séria, alicerçada por um jornalismo profissional e de métodos de apuração e checagem, foi a primeira a chamar a atenção para o problema, iniciando uma batalha contra as notícias falsas. O contexto levou os jornais a lançarem uma campanha internacional em defesa da informação segura e comprovada. Quem não se recorda das primeiras fake news que culminaram com linchamentos de inocentes como naquele caso de Fabiane Maria de Jesus, que foi espancada e morta em Guarujá, no litoral de São Paulo, ao ser confundida com uma suposta sequestradora de crianças, que, praticava rituais de magia negra? Ao final, apurou-se que não existia nenhum tipo de registro ou investigação em andamento, momento em que se comprovou o tamanho da tragédia e a estupidez das pessoas que mataram uma inocente por não terem checado a veracidade da informação repassada.

A boa notícia é que as empresas jornalísticas de credibilidade, cujas marcas são uma espécie de selo de qualidade, tornaram-se certificadoras de notícias, e são cada vez mais buscadas pelos leitores, como mostram vários estudos. Ao mesmo tempo, os jornais impressos aparecem nas pesquisas como detentores das maiores taxas de credibilidade, em comparação com outras mídias. Por isso, é importante que o leitor ou o internauta veja a procedência das informações antes de compartilhar em rede social ou em grupos de WhatsApp. Notícias falsas podem alarmar um bairro, uma cidade, provocando ondas de violência, acusações inverídicas e prejuízos irreparáveis.

De forma pioneira, a Alemanha apresentou uma possível solução para o problema das fake news. No dia 1º de janeiro, entrou em vigor uma lei que obriga as redes sociais a removerem conteúdos impróprios, como discurso de ódio e notícias falsas, de suas plataformas em até 24 horas após terem sido legalmente notificadas. As empresas que não cumprirem as novas normas poderão ser multadas em até € 50 milhões. No Brasil, há o Projeto de Lei nº 6.812/2017 que prevê detenção de dois a oito meses, além do pagamento de multa para quem divulgar ou compartilhar notícia falsa. No momento, o projeto está em análise na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara.

Se ainda falta por aqui mais rigor, ao menos cresce a consciência a respeito do tema. Pesquisas detectaram entre os eleitores brasileiros de diferentes preferências partidárias uma preocupação com a proliferação de notícias falsas e o receio de eles próprios compartilharem informações inverídicas. Ao mesmo tempo, diversos participantes da pesquisa reconheceram que já compartilharam notícias falsas pelo menos uma vez. Por isso, pode ser útil aprender com a Alemanha, pois uma boa multa é, muitas vezes, um estímulo eficaz para que se adote a conduta correta. Vale ressaltar que o discernimento é fundamental para evitar tais proliferações. Se surge uma mínima dúvida sobre a veracidade das notícias, busque de imediato consultar fontes seguras, questionar o autor ou a pessoa que lhe enviou a novidade.