A cidade de Bom Jesus da Lapa está mais uma vez tomada por milhares de romeiros  das  diversas regiões da Bahia e do Brasil que nesse fim de semana participaram da celebração de abertura da 327ª Romaria do Bom Jesus. Com o  tema “Como discípulos do Bom Jesus, cristãos leigos e leigas missionários comprometidos com a igreja em saída”. Maior festa católica da Bahia que oficialmente termina dia 6 de agosto, auge da congregação dos romeiros ao santuário de pedra e luz, que durante todo o ano, atrai peregrinos do Brasil e até do exterior.

VEJA VÍDEO/ARQUIVO DA APRESENTAÇÃO HISTÓRICA DO CANTOR EDIGAR MÃO BRANCA:

A primeira noite da novena preparatória, teve na abertura uma apresentação organizada pelos jovens do Teatro do Santuário,  exaltando a importância dos leigos para a Igreja. Destacando que o Santuário do Bom Jesus da Lapa é um espaço especial, onde nascem e crescem as vocações para o laicato, tendo como referência o seu primeiro missionário, o Monge Francisco de Mendonça Mar, que aceitou a missão de ser um Peregrino. A apresentação retratou de forma fidedigna a história do Santuário, cuja fama e peregrinação teve início por meio de um leigo.

Na homilia, Dom João Cardoso dos Santos, Bispo da Diocese de Bom Jesus da Lapa, destacou a importância dos peregrinos, vindos de toda parte do Brasil, para rezar nos pés do Bom Jesus da Lapa, na 327ª romaria. “São 327 anos de romaria! Tudo começou por meio da atuação de um leigo, o Francisco de Mendonça Mar, que, tocado pela graça de Deus, adentrou esses sertões, conduzindo a cruz do Bom Jesus, até chegar a essa gruta do Bom Jesus, a gruta do morro. Colocando entre nós, a Cruz do Bom Jesus. E assim, através do seu testemunho, atraia todas as pessoas ao Cristo Jesus. E até hoje, a espiritualidade do Monge, Francisco de Mendonça Mar, é vivida por nós”, disse o Bispo.

Dom João  destacou que o período da romaria é um momento  no qual, cada peregrino, leigos ou não,  buscam no santuário, nos pés do  Bom Jesus, ouvir e refletir sobre a espiritualidade e vocação. E Citando o tema do Ano Nacional do Laicato, “Vós sois o Sal da Terra e a Luz do Mundo”, o  bispo falou da  importância dos leigos para a Igreja. “Leigo é um Cristão batizado, é a pessoa que nasceu em Cristo pela graça do batismo, e vive a missão batismal, que é a vocação laical. Procurando se configurar como nosso Senhor. Ficar parecido com o nosso Bom Jesus, e assim, vivendo as três dimensões da vocação cristã. Formando um povo sacerdotal, um povo de profecia, um povo de pastores. Os cristãos leigos são o povo de Deus”, frisou.

O sacerdote ressaltou ainda que “esse é um momento de fortalecimento da nossa fé! Nós pés do Bom Jesus, a gente reza todo ano, sempre trazendo mais um para fazer parte desse momento.

 “Hoje estamos aqui presentes com um grupo de mais de 50 pessoas, todos da nossa comunidade, rezando e pedindo proteção ao Bom Jesus”, disse dona Ana Gonçalves, romeira convicta de 46 anos, residente na região de Irecê (BA).

Já o senhor José Vieira, de 62 anos, morador da região de Vitória da Conquista, que participa da Romaria do Bom Jesus há mais de 20 anos, declarou que “nada consegue explicar a emoção de visitar mais uma vez o Bom Jesus da Lapa, entrar no Santuário, e participar dos momentos de reflexão e oração. Estar aqui representa, sempre, um recomeço. Aqui a gente reza e pede perdão, pedindo força para seguir a caminhada em nossas comunidades, fazendo o que o nosso Bom Jesus pede”, finalizou.

A estimativa  é que até o dia 6 de agosto, cerca de 500 mil pessoas passem pelo santuário, que recebe durante o ano todo cerca de  2 milhões de romeiros. Isso torna a cidade o terceiro maior ponto de atração do turismo religioso do país, atrás de Aparecida (São Paulo) e Juazeiro do Norte (Ceará).

História

O morro do Bom Jesus da Lapa  e suas galerias de grutas foram descobertos em 1691 pelo português Francisco de Mendonça Mar, que havia saído a pé de Salvador, peregrinando  pelo sertão, com uma imagem do Jesus crucificado e outra de Nossa Senhora da Soledade. Situado na margem direita do rio São Francisco, o local foi utilizado como moradia pelo português, que abrigava viajantes nas grutas, que desde então passaram a ser referência para os cristãos que habitavam a região do vale do rio São Francisco, que margeia o município.

Economia

Com a chegada de novos moradores, a cidade, que tem no turismo religioso um dos pontos fortes da economia, surgiu no entorno do morro. Outras fontes de renda são o comércio,  a fruticultura do perímetro irrigado Formoso, se destacando como o maior produtor de banana do Brasil, a agricultura familiar, e agora com o maior parque solar em atividade do país.