Começou oficialmente hoje (01 de junho), o mês mais animado do ano para a nação nordestina,o principal momento da maratona de forró nas festas juninas no Nordeste. Com a o início das comemorações, é quase impossível ouvir algum tipo de música diferente nesta época nas cidades que se transformam em principais focos da festa. Junho é o mês do forró, período de reencontro, de fogueiras, época muito aguardada por boa parte dos brasileiros, pois trata-se  da maior tradição do sertão nordestino.

Mas, junto com as tradicionais festas juninas há também muitas dúvidas sobre como esses eventos se difundiram no Brasil e como os elementos que os formam surgiram, a exemplo do forró, estilo musical e de dança muito utilizados nesta época. O forró como elemento tradicional na cultura brasileira, revela as suas origens e a relação que o ritmo possui com as festas que embalam milhões de brasileiros no sexto mês do ano.

Origem das festas juninas

Resume-se a festas juninas todas as homenagens feitas aos três santos católicos no mês de junho, são eles Santo Antônio, São João e São Pedro. Como o Brasil foi colonizado pelos portugueses e esses eram, majoritariamente, católicos, as crenças e tradições deste povo foram implantadas na colônia. A história dessas festas remonta uma passagem bíblica que retrata a relação de Maria e sua prima Isabel.

As parentes e amigas costumavam se visitar e em uma destas ocasiões, Isabel informou a Maria que estaria esperando um bebê, o qual posteriormente viria a se chamar João Batista. Como na época não havia telefone e nem meios para se comunicar de forma imediata, elas combinaram de que quando a criança nascesse, Isabel iria fazer uma fogueira grande para ser vista de longe. E assim aconteceu, quando Maria encontrou Isabel no dia 24 de junho a recém mãe estava com seu filho no braço.

A partir disso, o dia 24 de junho ficou marcado como o dia de João Batista, mais conhecido como dia de São João. Um fato curioso é que a igreja católica possui muitos santos e por isso foi criado um dia em homenagem a todos eles, o dia 1º de novembro. Porém, alguns deles recebem mais destaque, como o caso de São João que divide o sexto mês do ano com mais outras duas entidades importantes para os católicos, Santo Antônio e São Pedro.

Desta forma, quando os jesuítas vieram ao Brasil nos navios portugueses, passaram a ensinar aos povos, que já habitavam a colônia, as tradições católicas, incluindo as festividades em homenagem aos santos. O interessante é que os indígenas também cultuavam elementos da religião deles nesta mesma época do ano, assim como os africanos que viram nessas festas católicas uma forma de cultuar os seus orixás repreendidos pelos portugueses. A mistura desses três povos deu origem as tradições brasileiras.

Como o forró surgiu no Brasil?

Enquanto o surgimento do São João tem um marco definido, o do forró são fundamentados por várias suposições de como esse elemento cultural se instalou no Brasil. De acordo com uma publicação do Portal EBC/Agência Brasil, este ritmo tem origens africanas. Para o historiador e folclorista potiguar Luis da Câmara Cascudo, a palavra deriva do termo forrobodó que é de origem africana e significa: arrasta-pé, farra, confusão, desordem.

Contudo, outros estudiosos acreditam que forró é oriundo da língua inglesa, pela expressão “for all”, “para todos” em português. Isto porque, no século XX os ingleses estavam empenhados na construção da ferrovia em Pernambuco e para distrair os trabalhadores, promoviam festas com esse mesmo nome em inglês. O que na versão nordestina e “aportuguesada” ficou como forró.

Em 1937 surge a primeira evidência concreta do estilo musical, com a canção “Forró na Roça”, de Manoel Queiróz e Xerém. Porém, é com Luiz Gonzaga, no início da década de 1950, que o forró se tornou um ritmo conhecido em todo o Brasil. Mestre Luis Gonzaga, Sivuca, Genival Lacerda, Marinês e Dominguinhos são ícones desse gênero musical.

Relação entre forró e festa junina

Com toda mistura de povos e tradições no Brasil colonial, as expressões culturais que os portugueses tentavam impor sofriam com a miscigenação. Desta forma, as festas juninas tradicionais foram sendo adaptadas. A culinária, por exemplo, passou a ter elementos indígenas, contando com milho em muitos dos pratos servidos na festa. Outro elemento que integrou essas festividades foi o forró, ritmo introduzido principalmente pela região Nordeste e que teria sido influenciado pelas culturas afro e indígena.