Paulo Celso Pereira – O globo

A pesquisa Ibope divulgada na noite de ontem mostra que a onda de crescimento de Jair Bolsonaro, iniciada nos dez dias que antecederam o primeiro turno, parece ter chegado ao fim. A queda de dois pontos — no limite da margem de erro — na intenção de votos entre a semana passada e esta foi puxada pelo crescimento de cinco pontos percentuais em sua rejeição — e pela redução no percentual de eleitores que não tinham mais dúvidas em apoiá-lo.

Motivos para o incômodo do eleitorado não faltam. Nos últimos dias, veio a público o vídeo em que Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável e deputado mais votado do país, fala em fechamento do Supremo. Domingo, o próprio candidato a presidente discursou falando em banir ou prender adversários e atacou a “Folha de S.Paulo”, após o jornal afirmar que empresas comprariam pacotes de distribuição em massa de mensagens contra o PT, violando a lei eleitoral.

O problema do líder nas pesquisas, no entanto, não se restringe aos arroubos autoritários, mas também à opção por não participar de qualquer debate ou sabatina. Do alto de seu amplo favoritismo, Bolsonaro pede um cheque em branco à população sem dizer o que pretende fazer em praticamente nenhuma área. A cinco dias do pleito, não se sabe, por exemplo, suas propostas objetivas para temas centrais do país como educação, saúde, Previdência, privatizações ou reforma tributária.

A pesquisa não é suficiente para otimismo total no PT, mas deveria ao menos conter o ânimo dos bolsonaristas. Ontem, seu grupo político o recebeu na casa do empresário Paulo Marinho com um churrasco, com direito até a apresentação de músicos tocando violoncelo. Apesar do franco favoritismo, vale a pena não esquecer o velho ditado: “Eleição e mineração, só depois da apuração”.