Após elevação de 4,8% no valor do diesel, líderes caminhoneiros decidem chamar uma paralisação para o próximo dia 29. Por ser uma categoria com organização bastante difusa é difícil saber como será uma adesão à greve, mas a insatisfação com o novo governo é crescente, afinal a alta do diesel já acumula 24,2% desde o início do governo Bolsonaro. E sobrou para o Ministro-Chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni do DEM, apesar de ele ser apenas anteparo a outro ministro, o da economia, Paulo Guedes.

No mês passado, Onyx havia recebido uma pauta com solicitações como: ações efetivas para fiscalização do piso mínimo de fretes, política para abaixar o preço do diesel, cumprimento das leis do motorista e do descanso, melhorias nas rodovias entre outras. O ministro voltou dias atrás com proposta de linha de crédito de 30 mil reais para troca de pneu e manutenção dos veículos e culpando a chuva pelas condições das rodovias federais. Não a toa está sendo “homenageado”.

A informação foi confirmada pelo líder do grupo Wanderlei Alves, conhecido como Dedéco, “A maioria dos grupos de caminhoneiros já decidiu pelo dia 29 de abril, tem uns ou outros que acham que é pouco tempo, que devemos esperar ainda, mas a maioria concorda sobre o dia 29 porque chegamos num ponto que não tem mais condições de trabalhar”, disse. “Isso não foi uma decisão só minha, foi decidido em grupo por várias lideranças de caminhoneiros”, ressaltou. Ele acredita que, a exemplo do que ocorreu no ano passado, o movimento deve atingir o Brasil inteiro, crescendo à medida que os dias passam. Segundo ele, os caminhoneiros decidiram antecipar a paralisação, anteriormente prevista para 21 de maio, em virtude do novo aumento do diesel.

“Com esse aumento do óleo diesel não tem mais condição”, afirmou. “Os caminhoneiros estão cientes de que, dentro de 14, 15 ou 16 dias vai ter outro aumento do diesel, e esse aumento de R$ 0,10/litro já afetou em R$ 1 mil o lucro mensal, e o frete continua o mesmo.”

Em dezembro, ele disse que o tabelamento do frete era assunto de Guedes, mas quem tratou desse assunto na quarta-feira, foram os ministros da infraestrutura e da agricultura, sugerindo que o reajuste do frete seria indexado ao diesel. O problema é que Guedes tem uma ideologia fortemente contrária a qualquer tabelamento ou indexação. Vamos acompanhar para ver se ele fará os ministros se desdizerem assim como fez com o próprio presidente.

Bolsonaro tentou vetar o último aumento do diesel, mas o economista o fez voltar atrás, pois isso atrapalha o plano dele de vender as refinarias.

Preços tabelados ou influenciados por governos (de Getúlio a Dilma, passando pelos militares) foi a tônica desde o surgimento da Petrobrás, e levou a empresa criada em 1953 à ser a 4ª maior empresa de energia do mundo em 2010 (https://top250.platts.com/Top250Rankings/2010/Region/Industry)!

Dilma errou quando segurou por muito tempo o preço do diesel num momento em que a economia ia tão bem que mesmo a Petrobrás operando a carga plena ainda tinha que importar o combustível e vendê-lo subsidiado pra dar conta do boom de consumo pelo qual o Brasil vinha passando.

Hoje a Petrobrás teria capacidade de suprir toda demanda nacional, mas não o faz, prefere vender menos e mais caro. Paulo Guedes é favorável à política de Temer para combustíveis: Tigrão com nós consumidores, incluindo caminhoneiros e Gatinho com as petrolíferas estrangeiras e importadores.

Ele atribuiu as paralisações do ano passado a uma linha de crédito de anos atrás para compra de novos caminhões, como se as pessoas decidissem se tornar caminhoneiros apenas porque tinha juros baixos pra comprar seu caminhão! Melhor o Onyx cancelar a linha de crédito pra pneu, ou será o culpado da greve dos borracheiros. E aos caminhoneiros sugiro outro nome pra paralisação: que tal Tchutchuca…

Por Giba Soares-ex-petroleiro e radialista – By Carta Campinas / in Economia e PolíticaManchete / on sexta-feira, 19 abr 2019