Áreas rurais de diversas cidades registram aumento preocupante de casos impulsionados pelo relaxamento dos cuidados básicos de prevenção.

Com a vacinação ainda lenta e a proliferação do vírus em consequência do descuido das pessoas com o distanciamento e cuidados preventivos como o uso de máscaras, infelizmente as cidades do Vale do Paramirim e região experimentam um cenário sombrio às vésperas do São João. Com os Centros COVID e UTIs sobrecarregados à exemplo de Brumado, Guanambi e Barreias que registra 100% de ocupação, profissionais de saúde no limite da exaustão, em decorrência do trabalho incansável que perduram por mais de um ano em hospitais e centros médicos, o sertão volta a ser epicentro da contaminação. Apesar dos esforços da maioria dos prefeitos e demais componentes da vigilância sanitária, existem os negacionistas, que, além de fazerem vistas grossas, ignoram a situação e permitem aglomerações. Tornou-se corriqueiras as festas clandestinas no interior.

Enquanto os casos de internações e mortes provocadas pela Covid-19 crescem, cada vez mais festas clandestinas frequentadas por jovens, têm sido descobertas e interrompidas. Em geral realizadas em comunidades rurais, as festas têm em comum aglomerações e a inexistência de máscaras ou de medidas para o distanciamento exigido em meio à pandemia. Os boletins epidemiológicos confirmam que se permanecer esta tendência, teremos um cenário triste após o período junino. Enquanto fazem festas, a rede pública de saúde enfrenta colapso. Nossa reportagem constatou que já não existem mais vagas nos leitos reservados para a doença em municípios e a regulação para os centros com enfermaria e UTI (Unidade de Terapia Intensiva) já enfrenta muita dificuldade nesse momento. A Covid-19 já matou centenas de pessoas no Vale e arredores, mesmo assim, a cada final de semana se multiplicam as festinhas, reuniões familiares, incluindo aqueles que residem fora e nesse período retornam.

“A sensação que temos é que agora está pior em relação ao desrespeito. Em 2020 não estavam tão revoltadas assim, possivelmente porque achavam que a pandemia iria durar um mês ou dois. Chegamos a mais de um ano e tem sido mais difícil. Os negacionistas parecem que estão se tornando ainda mais, principalmente o público jovem. Não temos entendido o motivo de o jovem, que deveria ser mais esclarecido, por ter acesso às informações, ter essa resistência.” Conta um dos servidores da vigilância sanitária.  Já existem manifestações de prefeitos, no sentido de buscarem maior rigidez, incluindo a aplicação de multas a donos de imóveis onde ocorrem festas clandestinas, além de organizadores e frequentadores.

Os decretos estabelecem como festa clandestina qualquer evento de entretenimento não autorizado pelas prefeituras. Mesmo com o cancelamento dos festejos juninos, a preocupação é grande com os forrós clandestinos e outras aglomerações no período, o que fará disparar o número de casos de Covid-19 nessa região. A preocupação é ainda maior com o número de casos suspeitos nos últimos dias, que em sua maioria acabam sendo confirmados. Essa é a situação de Boquira 48 casos e taxa de ocupação dos leitos COVID em 100%; Oliveira dos Brejinhos com 119 casos ativos, 75 suspeitos e 14 óbitos; Dom Basílio que possui 58 casos em investigação, 40 casos aguardando resultado e  15 óbitos; Livramento com 81 casos confirmados,  85 suspeitos e 59 óbitos e Ibipitanga  com 27 casos ativos, tendo 55 casos suspeitos e 16 óbitos e também Paramirim, que estava com os casos quase zerados e tem registrado crescimentos, já contabilizando 17 mortes pela doença.

‘Medo que julho tenha uma tragédia pior que março’, diz Rui Costa preocupado com o São João

O governador Rui Costa (PT) demonstrou preocupação com a situação da Bahia no próximo mês, por conta do cenário atual e pensando no período pós-São João. “Estamos com medo que o começo de julho tenha uma tragédia pior do que o mês de março”, afirmou Rui. A situação agora também exige cautela, diz. “Estamos muito preocupados agora. Chegamos em março a 20 mil contaminados, e o que aconteceu em março? Uma tragédia”, afirma. “Qual a diferença do mês de fevereiro e março para agora? Tínhamos leitos vazios na Bahia inteira, e nós tínhamos capacidade para absorver a multidão que chegou aos hospitais”, considerou. Rui disse que se isso vai acontecer ou não, “depende do comportamento das pessoas” durante o período junino. “Já vimos que até pequenas aglomerações como no Dia das Mães afeta nos índices”, explicou.  Por isso, ele pediu à população que colabore evitando aglomerações.