Os manifestantes lutam pela regularização e contra a Lei 13.855/19 sancionada por Bolsonaro, que aumenta a punição para transporte irregular. – “Não queremos ser ilegal, me ajude a ser legal. Deixa a gente trabalhar”.

Indignados com o aumento nas penalizações, cerco nas fiscalizações e diversas apreensões de ônibus e demais transportes alternativos de passageiros, motoristas e proprietários iniciaram uma mobilização que se concentrou nas imediações de Guanambi e região, prometendo reunir o máximo de adesões, para seguirem em comboio até Brasília, onde pretendem chamar a atenção das autoridades e da mídia para essa causa. O motivo principal da revolta e preocupação de todos que vivem dessa atividade, foi a assinatura da Lei 13.855/19 sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro sem vetos, no dia 9 de julho, que busca a extinção do transporte irregular de passageiros.

De acordo com o pessoal que trabalha conduzindo passageiros na informalidade, essa é uma saída para o desemprego, para a falta de alternativa das pessoas que são obrigadas a pagar muito mais caro nas empresas tradicionais e ainda serem prejudicadas por linhas que não oferecem o mesmo serviço personalizado, tratamento diferenciado e muito mais em conta. “Essa perseguição tem o objetivo de manter um monopólio das grandes empresas, que ajudaram a eleger esse presidente insensível. Nós vamos lutar para que sejamos regularizados e tenhamos o direito de trabalhar e servir nosso povo carente do nordeste”. Disse o motorista Antônio Eleutério Santos.

A concentração que se iniciou de fato na segunda-feira(19), promete permanecer na região até quarta-feira (21), quando seguirá em comboio até a capital federal. A paralisação do transporte alternativo não acontece somente em Guanambi e região, mas em todo o norte e nordeste do país, com uma união de forças contra as mudanças no Código Brasileiro de Trânsito (CBT) que tornam mais severas as punições para o transporte irregular de passageiros. Segundo os manifestantes, as entradas da cidade de Guanambi continuarão parcialmente interditadas para vans, ônibus e automóveis que fazem o transporte intermunicipal e interestadual de passageiros.

Os manifestantes esperam que o movimento permaneça firme e se fortaleça, para que a categoria consiga alcançar a meta de ser reconhecida. “É importante demais para nós pais de família, que com sacrifício adquirimos um veículo que nos dá o pão para nossas famílias. Porém, mais importante ainda é conseguir a continuidade, sem perseguições, conduzindo trabalhadores desse sertão que ganham a vida nas lavouras e usinas de São Paulo. Queremos continuar zelando pelas famílias que viajam com a gente, dos enfermos que confiam em nosso trabalho para alcançarem um tratamento nos grandes centros. Retirando a gente, o Bolsonaro estará aumentado o desemprego e o sofrimento dos mais pobres”. Desabafou José Mathias, motorista há quinze anos.

Gente humilde, mais uma classe trabalhadora que se sente oprimida pelo sistema perverso de um imbecil que se assentou na cadeira de presidente. Pessoas impedidas de transitar apenas pela ganância dos poderosos que querem abarcar todos os passageiros, baseados em Leis arcaicas, que através de concessões, loteiam as linhas e estradas entre os poucos barões que dominam o transporte de passageiros. Esse fato revoltou ainda mais a população regional, há adesões voluntárias de motoristas comuns, que colaboram com alimentos, suporte logístico e até com seus próprios veículos, ajudam a bloquear as entradas estratégicas.

Segundo a organização a paralisação começou a ser formada com cerca de 800 motoristas de ônibus e vans, que pararam seus veículos nesta segunda-feira (19). Os manifestantes usam camisas e bandeiras com frases como – “Não queremos ser ilegal, me ajude a ser legal. Deixa a gente trabalhar” e “Da união nasce a força”.