O nível de água de barragens do sudoeste baiano preocupa moradores. Segundo a Defesa Civil estadual, os casos chamam a atenção nas barragens do Champrão, de Anagé e do Truvisco. Com a possibilidade da chegada do fenômeno “El Niño” já no segundo semestre deste ano, a situação dos açudes faz ligar o sinal de alerta.

Conforme o superintendente da Defesa Civil do Estado, Paulo Sérgio Menezes Luz, a Barragem do Truvisco, responsável pelo abastecimento de Caculé, Rio do Antônio e Guajeru, “caminha para o volume morto”. Na Barragem do Champrão, que abastece Condeúba, Piripá e Cordeiros, só resta 5% da capacidade. Por ali, a previsão é que só haja água até agosto. Já na Barragem de Anagé, o nível é de 30%. “A região vai precisar de muita chuva. O problema é que em novembro vem o El Niño, que manda chuva para o Sul e seca para o Nordeste”, lamentou.

O egoísmo de alguns, aliado à total descaso de órgãos fiscalizadores, a falta de chuva e principalmente de consciência ambiental, provocam danos quase que irreparáveis à Barragem do Zabumbão e consequentemente, preocupações a milhares de famílias do Vale do Paramirim, que dependem desses recursos hídricos. Ressalta-se  que, o reservatório (maior da nossa região), foi construído pelo Governo Federal com os objetivos prioritários de abastecimento humano e dessedentação animal. Com capacidade para armazenar 74 milhões de metros cúbicos, o lago está hoje, prestes a atingir no seu nível de alerta. No entanto, nada se diz sobre isso.

Paulo Sérgio Menezes declarou que a situação da Bahia é a mais difícil do Nordeste. “Desde 2011 a média de chuva aqui está abaixo do nível histórico. E neste ano, apesar de em todos os estados do Nordeste o nível das chuvas ter aumentado em relação a 2017, só a Bahia ficou abaixo dessa média”. O decreto conjunto de emergência em 29 municípios da região é uma das ações para diminuir os impactos da estiagem.

RELEMBRE VÍDEO RESUMO DA SITUAÇÃO HÍDRICA:

No caso da Barragem do Zabumbão em Paramirim, a sociedade regional tem acompanhado há anos, diversas reportagens sobre essa situação preocupante. Os descasos, a falta de fiscalização, decisões totalmente equivocadas de “entendidos” que além de provocarem desastres, complicou a situação do lago. O leitor acompanhou notícias que dão conta da existência de contaminação de rios e nascentes, a presença de garimpos clandestinos que seguem operando livremente, descarga in natura de esgotos domésticos, invasões das áreas de proteção para criação de gado e a famigerada disputa pela água protagonizada por proprietários que se imaginam no tempo dos coronéis. Esses são os principais responsáveis pelo desperdício com um sistema arcaico de irrigação.

Mesmo diante de uma situação delicada, que clama por ações firmes e eficazes, é comum se observar personalidades, fazendeiros, garimpeiros e até políticos, zombarem das denúncias apresentadas. Tal qual os coronéis do passado, batem no peito e bradam “a água é nossa, temos o direito de fazer com ela o que bem entendermos”. Uma lastimável realidade, pois estão realmente fazendo o querem e ninguém se levanta para impedir tamanha degradação. Não se observa ações do Ministério Público Ambiental no intuito de inibir os garimpos clandestinos que atacam as nascentes, soterrando e poluindo, as derrubadas de matas ciliares, invasões de terrenos dentro das áreas de preservação, expõem a ausência e fragilidade do IBAMA. Também a ANA – Agência Nacional de Águas, a CODEVASF que deveriam gerir com severidade, delegam poderes a leigos que por sua vez, insistem em esvaziar a barragem. Lamentável.