Autoridades, irrigantes e população protestaram contra o início das obras e pediram a construção de outros reservatórios para atender aos municípios que necessitam de água.

Conforme adiantou o Jornal O Eco em matéria anterior, ocorreu na manhã deste domingo (17), uma manifestação pacífica em forma de protesto, com faixas, cartazes e bandeiras, alertando para o risco iminente de desabastecimento de todo o Vale do Paramirim, caso seja executada a obra de canalização das águas desde a barragem do Zabumbão, passando por Rio do Pires, Ibipitanga, parte do município de Ibitiara, Macaúbas e Boquira, com possibilidade de seguir até Oliveira dos Brejinhos. Segundo apurou a reportagem do Eco, que acompanha esse dilema desde o seu início, a preocupação dos que são contra, é baseada em estudos técnicos que indicam a necessidade de um segundo reservatório como reforço para assegurar o abastecimento contínuo destes dez municípios da bacia.

Muito bem organizada, a passeata atingiu o seu objetivo, que foi marcar posição contra a obra do governo. Apesar da pouca adesão dos municípios que muito se beneficiam com essa água, especialmente Tanque Novo e Botuporã, mesmo tendo que suportar o sol escaldante e a antipatia de alguns oportunistas de direita, que, como sempre, buscaram pongar nas legítimas reivindicações dos moradores para tentar se reaproximar da massa, houveram muitos pontos positivos e inclusive uma maior maturidade nas falas de autoridades como o Prefeito Gilberto Brito e do vice-prefeito Dr. João Ricardo, que de imediato registraram estarem sensíveis ao sofrimento dos nossos vizinhos que necessitam de água, prometendo se engajarem em uma cruzada, pela suspensão da construção da adutora e também na busca de soluções definitivas, como a construção da barragem do Rio do Caixa em Rio do Pires.

Percebeu-se nas manifestações deste domingo (17), que os “papagaios de pirata”, que buscaram incitar a população para um viés rancoroso, deram com os burros n’água, pois as autoridades, representantes de entidades do município e a população presente, não estava interessada em embates políticos e sim compenetradas e preocupadas com uma causa humanitária. A maioria absoluta dos que se fizeram presentes, desejava se manifestar, não somente pela garantia da água que é escassa, mais também para apoiar iniciativas que solucionem os problemas de quem tem sede e precisa da água. Talvez essa tenha sido uma das mais louváveis posturas, a maioria alertando para o risco de uma adutora que não contemplará satisfatoriamente a todas as demandas, mas, praticando a empatia, no mesmo espaço discutindo as soluções viáveis para quem ainda não possui o abastecimento.

Talvez tenha faltado as abordagens sobre a preservação do lago do Zabumbão, os diversos problemas estruturais, as invasões das margens, total abandono na fiscalização. Não se presenciou abordagens sobre a poluição que é crescente e gritante, especialmente quanto aos garimpos clandestinos e o esgoto da cidade de Érico Cardoso, que cai 24 horas por dia in natura no leito do rio, sendo despejado na Barragem do Zabumbão. Essa é também uma preocupação de todos, usuários ou não das águas que seguem sendo poluídas de forma alarmante. Nesse aspecto, faz-se necessária a intervenção do Ministério Público, para que seja interrompido tamanhos danos ao meio ambiente e aos recursos hídricos tão escassos.

Como bem lembrou o Presidente da Câmara de Vereadores (Nanando), que esteve presente com todos os demais colegas, “é necessário convencer o governador que os R$187 milhões de reais da adutora, sejam direcionados para o início da Barragem em Rio do Pires, recursos que irão alavancar e dar um grande adiantamento na obra, podendo ser complementado com emendas parlamentares e outras fontes, para concluir o reservatório, dando fim a um dilema que beneficiaria a todos que legitimamente lutam pelo direito fundamental, que é a água para o consumo.” Disse o vereador.  Certamente Rui Costa, que deseja fazer sucessor em 2022, dará atenção a esse conflito e buscará uma solução pacífica, desde que atenda as justas necessidades de todos. Se há alternativas, elas devem ser analisadas. Afinal, essa foi a promessa feita em entrevista ao Jornal O Eco. Fazer o sistema integrado, com a construção no Rio da Caixa e ainda a regularização das margens com eletrificação para aproveitamento racional das águas.