A escolha do deputado estadual Nelson Leal, do PP, para disputar a presidência da Assembleia como candidato governista, selada ontem num acordo do qual participaram as principais lideranças do atual governo, incluindo o governador Rui Costa (PT), conseguiu não só pacificar a base, como ainda fazer prevalecer a tese de que o Parlamento é independente e não cabia qualquer intervenção do Executivo no Poder.

Desde o princípio, Leal era o preferido não apenas da base governista como dos deputados oposicionistas, que o governador tentou, sem sucesso, impedir que tivessem protagonismo na disputa, ao propor que os governistas primeiro escolhessem um nome, que depois negociaria o apoio da oposição.

Exigência – A exigência de Rui Costa, no entanto, foi interpretada, também desde o início, como forma de favorecer uma candidatura que pudesse, no momento que quisesse, tirar do bolso do colete, o que não foi bem interpretado pelos deputados da oposição nem, curiosamente, pelos parlamentares da base, para os quais, como se sabe, a idéia de um governador como imperador nunca é bem vinda.

Opção – Não havia dúvida ontem, na análise de políticos da base do governo e da oposição, que a escolha da candidatura de Nelson Leal à presidência da Assembleia pela base foi imensamente favorecida pelo desafio que o governador Rui Costa (PT) enfrentará na Assembleia para aprovar o pacotaço destinado a evitar o desequilíbrio fiscal no Estado, que poderia corroer sua imagem de bom administrador.

Energia – Com uma batalha dessas pela frente, o governador não poderia passar a despender energia na tentativa de colocar um quadro de sua confiança plena e absoluta no comando do Legislativo. Ele precisa agora é concentrar as forças para votar o projeto ou pacotaço que pode impedir que o governo caia numa grave crise, diziam ontem deputados na Assembleia.

Competência – A vitória de Nelson Leal na disputa pela presidência da Assembleia pode ser creditada à sua capacidade de se articular e preparar para a disputa, o que envolveu o trabalho de atração que executou de forças como a do PCdoB e do PDT. Um deputado avaliava ontem que, quando o governador acordou, ao retornar de sua viagem ao exterior depois da campanha, o quadro já estava estabelecido.

Irreversível – Outro partido que foi essencial para o sucesso da escolha do progressista para o comando da Assembleia foi o PT, cuja bancada estadual, na primeira reunião convocada pelo governador Rui Costa (PT) para discutir o tema, declarou, em sua maioria, preferir o nome de Nelson Leal para presidir o Legislativo. Há quem diga que, depois da posição da maioria da bancada petista, a candidatura do deputado do PP se tornou irreversível.