Elogiando Bolsonaro, Romeu Zema disse que segue a orientação do ex-presidente e vai criar um consórcio dos estados do sulistas para enfrentar as regiões Norte e Nordeste.

Um divisão do país, assim como se cogitou nos tempos de Getúlio Vargas, a ideia estapafúrdia veio a público através do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que anunciou a criação de uma frente para “protagonismo” das regiões Sul e Sudeste colocando em lados opostos os gestores estaduais do Norte e Nordeste e os colegas das outras regiões. O nome do governador mineiro foi o tema de política mais comentado do País no Twitter. Com elevado número de críticas ao bolsonarista que deseja a separação.

Apesar de absurdo, como muito bem colocou o Ministro da Justiça Flávio Dino, há quem apoie e deseja se integrar a esse bloco. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), saiu em defesa da frente anunciada por Zema. O tucano foi um dos líderes apontados pelo mineiro como potencial candidato à Presidência nas próximas eleições. Para amenizar as críticas e disfarçar o real interesse desse gesto, Eduardo Leite justificou que “Nunca achamos que os Estados do Norte e Nordeste haviam se unido contra os demais Estados. Ao contrário: a união deles em torno de pautas de seus interesses serviu de inspiração para que, finalmente, possamos fazer o mesmo, nos unirmos em torno do que é pauta comum e importante aos estados do Sul e Sudeste”, disse o governador gaúcho.

Zema afirmou que os governadores do Sul e do Sudeste querem mais “protagonismo” na política e na economia e vão agir em bloco para evitar perdas econômicas contra as outras regiões. Além disso, o governador de Minas estimulou o lançamento de um candidato de direita do grupo à Presidência nas eleições de 2026.

“Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso. Eles queriam colocar um conselho federativo com um voto por Estado. Nós queremos proporcional à população. Por que sete Estados em 27, iríamos aprovar o quê? Nada. O Norte e Nordeste é que mandariam. Aí, nós falamos que não. Está sendo criando um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Já decidimos que além do protagonismo econômico que temos, porque representamos 70% da economia brasileira, nós queremos – que é o que nunca tivemos – protagonismo político”, concluiu.

Já o governador da Paraíba e presidente do Consórcio Nordeste, João Azevêdo (PSB), afirmou que Zema cometeu equívocos e foi “infeliz” nas declarações. Para Azevêdo, o governador mineiro estimula uma divisão entre as regiões no País e não deve ter o apoio dos demais gestores estaduais na mobilização.  “É um grande equívoco quando se estimula uma divisão no País, que já foi dividido pelo processo eleitoral. Estamos em um processo de reconstrução e aí vem alguém e faz uma declaração dessa”, afirmou ao Estadão.

De acordo com o governador da Paraíba, Zema errou ao dizer que Sul e Sudeste ficaram para trás nas discussões econômicas e políticas do País porque, durante o processo de formação e desenvolvimento do Brasil, foram as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste que ficaram prejudicadas.