Crises em países produtores justificam alta em 2023; produção está concentrada no Vale do São Francisco

Os produtores brasileiros de manga e uva do sertão da Bahia e de Pernambuco, estão animados com o crescimento das exportações. O setor faturou cerca de US$ 490 milhões em 2023, batendo o recorde histórico do país. O valor ultrapassa os US$ 408,6 milhões de 2021, que tinha a marca de mais rentável até então, segundo dados da plataforma Comex Stat, do governo federal.

A exportação de manga foi responsável pela arrecadação de cerca de US$ 312 milhões, mais que os US$ 248,7 milhões de 2021. Foram exportadas 266 mil toneladas, um aumento de 15,01% em comparação com 2022. Porém, em volume, ficou 2,37% abaixo de 2021. A maioria da manga exportada pelo país no ano passado saiu dos estados da Bahia, responsável por 47,36% da produção, e Pernambuco, que entregou 45,42%. As fazendas se concentram no Vale do São Francisco, no encontro dos dois estados.

“Nós já estávamos preparados e acabamos aproveitando essa onda, conseguindo aumentar bastante o volume da nossa empresa”, diz o produtor Robson de Lima Araújo, 43. A expectativa do empresário, que teve de aumentar a equipe por causa da demanda, é que os preços continuem altos. “A fruta de 2023 teve um preço que eu acho que na história não foi visto ainda. Neste ano, pelo menos no primeiro semestre, está certo que o preço vai se manter superaquecido.”

A manga brasileira chega principalmente à Europa. No ano passado, 45,3% do envio foi para a Holanda, 17,93% para a Espanha, 6,06% para o Reino Unido e 3,95% para Portugal. Porém, o segundo país que mais comprou a manga brasileira foram os Estados Unidos, 18,35%. A valorização das frutas é justificada por alguns fatores, segundo João Ricardo Lima, pesquisador da Embrapa Semiárido que coordena os observatórios de mercado de manga e uva da instituição.

“O Brasil produz de forma irrigada no semiárido, com abundância de sol durante todo o ano. Assim, caso algum país tenha alguma quebra de safra, seja por problema climático, doenças nas plantas ou mesmo que a demanda seja maior do que a oferta, o Brasil tem condições de enviar as frutas que o mundo precisa”, afirma Lima.

De acordo com o coordenador dos observatórios, a tendência de crescimento pode continuar. “Em 2024, é possível que se tenha um novo crescimento no volume exportado, mas não nas receitas de exportação. O motivo é que não se espera uma nova quebra tão grande de safra dos países concorrentes. Por outro lado, ainda se espera a manutenção de bons preços durante boa parte do ano.”