Um fato que chamou a atenção e intriga a maioria da população de Boquira e região, reforça o sentimento de revolta e descrédito nas figuras dos vereadores, em especial a bancada de oposição do município de Boquira, que, ignorando qualquer apelo, exigiram na justiça, que sejam elevados os seus próprios salários para R$ 7.596,68 (Sete mil, quinhentos e noventa e seis reais e sessenta e oito centavos), baseados em uma Lei aprovada no apagar das luzes do mandato passado, Lei 659 de 22 de setembro de 2016.

Os quatro vereadores da bancada de oposição, demonstrando total insensibilidade com a atual crise financeira, olhando para os seus próprios umbigos, deram de ombros para os apelos de colegas e até do presidente da Casa, que juntamente com a assessoria, procurou convence-los de que tal ato seria danoso, podendo inclusive provocar demissão de servidores da Câmara, uma vez que, a porcentagem dos recursos a serem destinados à folha de pessoal e subsídios dos edis, não pode ser maior que 70% do duodécimo repassado pela prefeitura.

A indignação da comunidade vem desde que foi aprovada a referida Lei Municipal 659/2016, que, baseada no limite máximo de 30% dos salários dos deputados estaduais, estipulou a elevação desproporcional à realidade da Câmara de Boquira, que inclusive sofreu uma redução de R$ 42.287,33 (quarenta e dois mil, duzentos e oitenta e sete reais e trinta e três centavos). Enquanto o atual presidente, Aelson Gonsalves Lima e demais vereadores da bancada de situação, se esforçam para que a Lei seja revogada, os vereadores da oposição: Everaldo de Oliveira Pereira; José Augustinho de Souza; Sinval Vieira de Sousa e Jucinalva Viana Sousa Ramos, obcecados pelo aumento dos seus proventos, ingressaram na justiça com pedido de tutela antecipada (cautelar), contra a Câmara.

Apesar de apresentar a real situação, o presidente foi intimado no último dia 12, a efetuar o pagamento atualizado de R$ 7.596,68 a cada vereador. Aelson declarou que apesar de não concordar com a decisão, irá obedece-la plenamente. Apenas lamenta ser obrigado a tomar decisões que prejudicam não somente os servidores, como também o bom andamento dos trabalhos da Casa. O presidente afirma que não há outra saída, senão demitir funcionários contratados e rescindir contratos de prestações de serviços, essenciais ao funcionamento da Casa, para que não incorra em irregularidades, ultrapassando o limite estabelecido de 70% dos recursos destinados à folha de pagamento. A inusitada situação, gerou um clima de instabilidade entre os servidores da Câmara Municipal, são muitos os comentários de moradores da cidade nas ruas e nas redes sociais. “Nesse momento que a nação brasileira clama por moralidade na gestão pública, seria de suma importância que os vereadores que moveram a ação propusessem uma consulta à população. Isso é o cúmulo do egoísmo”. Desabafou uma das servidoras.

Para que se tenha uma noção do impacto a ser provocado pela exigência dos vereadores reclamantes, considerando a previsão do duodécimo para 2018, o percentual de gastos com pessoal, incluindo vereadores e encargos seria de 80,35% do montante repassado, ou seja, extrapolaria em 10,35% o valor máximo permitido. A persistir a decisão, cada vereador custaria nada menos que R$ 364.640,64 (trezentos e sessenta e quatro mil, seiscentos e quarenta reais e sessenta e quatro centavos). Ou seja, ao final do presente mandato, os atuais vereadores que compõem a Câmara, terão embolsado apenas de salário R$ 4.011.047,04 (quatro milhões, onze mil e quatro centavos). Valor suficiente para a aquisição de 115 veículos populares 0Km.

“O momento não é propício para essa aspiração. Nosso município está lutando contra as dificuldades, nós vereadores temos é que colaborar, nosso papel a meu ver, seria de buscar revogar essa Lei, que não corresponde com a realidade de Boquira. Imagine que os vereadores de Macaúbas, Paramirim e outros tantos municípios maiores, recebem menos que a gente! É preciso coerência, porque a população está de olho nos políticos, e isso preocupa a todos nós. Ao invés de aumentar despesas, devemos buscar formas de reduzir, investindo em melhorias dos serviços prestados à população”. Disse o Presidente.

Quanto às medidas que será obrigado a adotar em persistindo tal situação, Aelson afirmou: “Sinto-me por demais entristecido em tomar decisões tão drásticas, afinal, em meio a tamanho desemprego, a falta de alternativas na região, considerando também a dedicação e competência dos servidores, é lamentável que isso tenha que ocorrer para beneficiar quatro vereadores com aumento dos seus salários. Rogo a Deus que ilumine os colegas, para que consigamos chegar a uma mediação, cujo resultado seja positivo para todos, em especial aos servidores da Câmara que seriam os maiores beneficiados”. Concluiu.

Apesar do reajuste exigido pelos vereadores de oposição não ser ilegal, existe muita gente na cidade que considera tal postura dos referidos edis, como imoral, baseando nos graves problemas do município, da Bahia e do Brasil, e ainda o fato de que, segundo opiniões diversas, os vereadores em questão, não são tão atuantes como deveriam no cargo que lhes foi confiado pelo povo de Boquira.

Manifestações brotam por todo canto: “É vergonhoso! Esses vereadores demonstram que são egoístas, só trabalham pelas causas próprias. Registro minha indignação”, desabafou uma eleitora. “Isso é de fato, muito negativo para nosso município” registrou outra.